A POBRE VIDA
DE ESCRAVO.


Nos braços fortes correntes,
Às costas pesados fardos,
Assim o pobre escravo,
Vivia um negro presente,
Maltratado e oprimido,
Seu salário era o castigo,
Mesmo estando doente.

Entregues a triste sorte,
Em pisaduras croados,
A triste vida de escravo,
Jovens saudáveis e fortes,
Ao açoite se curvavam,
Muitos assim expiravam,
No chão amargando a morte.

Imunda senzala escura,
No desconforto instalado,
Vegetava o pobre escravo,
Sem recompensa futura,
Nas mãos de um tal feitor,
Sofria horrendo horror,
A penar com tais agruras.

Nas mãos de seres cruéis,
Pelo açoite do carrasco,
Pobres negros pegos a laço,
Nunca tiveram lauréis,
Costas nuas ao forte sol,
Exposto ao frio sem lençol,
No pátio dos coronéis.

Nos engenhos das fazendas,
Tratados quais animais,
A sorver os tristes ais,
Sem merecer sorte horrenda,
Com pés e mãos calejados,
Moços e velhos obrigados,
Levavam cana as moendas.

Expostos ao forte o calor,
Ao tronco acorrentado,
Pobres negros fustigados,
Em um antro de horror,
Ninguém dele tinha pena,
Ao se encontrar em tal cena,
Passavam amargura e dor.

Lombos nus, pele grosseira,
Pelo duro oficio enrugado,
Consumindo o pobre escravo,
Tinham vida passageira,
Pela vida que levava,
Sua existência encurtava,
Nas lavouras cafeeiras.

Negras magras mães de leite,
A mercê de seus senhores,
Amamentando impostores,
Tendo afronta por deleite,
Jovens negras afeiçoadas,
Forçadas a ser criadas,
Dos casarões pobre enfeite.

Vida de escravo quem diria,
Labutar sem ter salário,
Vendidos por mercenários,
Nefasta mercadoria,
Seres de olhos marejados,
A penar por ser tratado,
Em valor de ninharias.

Tirados de sua gente,
Preso quais amimais,
Por seus irmãos e rivais,
Feitos Judas conscientes,
Às vezes tribos inteiras,
Amarradas em fileiras,
De um milagre carente.

E na tumba fria escura,
Por ter seus dias abreviados,
Jaz o desventurado escravo,
Pondo um fim a tais torturas,
Ficou somente à memória,
De sua penosa história,
Num lápide de sepultura.

Mas Deus que via do céu,
O sofrer de tais pessoas,
Deu a alguém da coroa,
Coração manso e fiel,
A lei áurea proclamou,
E a escravidão acabou,
Pelas mãos de Isabel.

Ainda hoje se contada,
Na vida de escravidão,
Dos negros de pés no chão,
De vida desventurada,
E que assim contribuiu,
Na construção do Brasil,
Com tão penosa jornada.

31/05/2010.



CBPOESIAS
Enviado por CBPOESIAS em 22/11/2010
Reeditado em 24/02/2011
Código do texto: T2630190
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