RESPOSTA AO MINISTRO GRAZIANO
O meu voto pra Lula foi perdido
Só por causa de um ministro seu
Que este mês na TV apareceu
Chamando nordestino de bandido
Nosso povo sentiu-se ofendido
Por que esta infeliz declaração
Maltratou uma parte da Nação
Que ergueu com suor este País
O ministro foi muito infeliz
E acabou atacando o seu patrão
Não lembrou-se que Lula é nordestino
Oriundo do chão pernambucano
Deveria o ministro Graziano
Conhecer sua história e seu destino
De Caetés saiu quando menino
Viajou pra São Paulo em pau-de-arara
E ao chegar no sudeste se depara
Com favela, bandido e maconheiro
Nem por isso tornou-se bandoleiro
E é preciso passar-lhe isto na cara
Se o ministro chegasse no Nordeste
E andasse por todo este rincão
Conhecendo os problemas do Sertão
Pajeú, Moxotó e do Agreste
Levaria uma prova inconteste
Do poder deste povo esquecido
Que trabalha e não é reconhecido
Só é visto em campanha eleitoral
Quando sai o seu nome num jornal
É porque foi chamado de bandido
Se o ministro andasse no Sertão
Conhecia melhor a nossa gente
Poderia dizer ao presidente
Este povo é a força da Nação
Sob o sol escaldante do verão
Ele broca, faz cerca e se prepara
Quando o céu as comportas escancara
Ele vai pro roçado e faz a planta
E em casa o ministro almoça e janta
Sem verter o suor da sua cara
Nordestino trabalha no roçado
Cultivando o feijão que o rico come
Apesar de ser pobre tem um nome
Que é limpo no banco e no mercado
O suor do seu rosto é derramado
Pra comer o seu pão cotidiano
Porque Deus, criador e soberano
Não quer vê-lo humilhado e ofendido
Muito menos chamado de bandido
Como disse o ministro Graziano
Venha ver seu ministro a nossa gente!
Num alegre forró de pé-de-serra
Arrastando o chinelo pela terra
Derramando suor do corpo quente
Sanfoneiro bebendo aguardente
Pra tocar o forró mais animado
Trianguista tocando ritmado
Escutando a pancada e o tinido
Este povo não pode ser bandido
O senhor é que foi exagerado
É preciso dizer a Graziano
Que em todo lugar tem violência
Tem bandido que mata sem clemência
Tem ministro cruel e desumano
Que não sabe o que diz e fere o mano
E se faz que não sabe que feriu
Pois não sente a dor que ele sentiu
Nem conhece o tamanho da ofensa
Gente assim só nos faz perder a crença
Nesta classe política do Brasil.
Paulo Robério Rafael Marques