MARIA MACIEL
A VIDA DE
MARIA MACIEL
(EM CORDEL)
Autor: Desconhecido
Adaptado e revisado por:
Johás Johnathan C. Ferreira
MARABÁ – PA (01/2005)
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Peço licença ao divino
Meu Rei Jesus, Pai do céu
Que vou escrever uns versos
Escrito só em cordel
Pra falar de uma empresária
A Maria Maciel
É uma paraibana
De muita disposição
Um dia ela destinou-se
De deixar sua terra
Pegou um carro e saiu
Com destino ao Maranhão
Chegando no Maranhão
Começou a trabalhar
Mas até os maranhenses
Já querem é sair de lá
Ela vendeu o que tinha
E veio para o Pará
Quando chegou em Marabá
Ela, junto com o irmão
Entraram logo de sócios
Aí, começaram, então
Construir uma casinha
Pra alugar pra peão
Muitos quartos de aluguel
Aquilo foi aumentando
Ela comprou uma máquina
E começo costurando
Por ela trabalhar bem
A notícia foi se espalhando 1
Quem sempre trabalha bem
Você sabe como é
Neste tempo em Marabá
Tinha muito cabaré
Chamava as casas de tábua
Lá tinha muita mulher
Quando a notícia correu
Todo mundo procurava
Roupa de todo tamanho
Ela mesmo costurava
Se precisassem de casa
Ela também alugava
Até que um certo dia
Ela, junto com o irmão,
Começaram a conversar
Quase que deu discussão
Até que da sociedade
Fizeram separação
Cada qual para o seu lado
Depois da separação
A Maria Maciel
Trabalhou com atenção
Lutando sempre sozinha
Com a sua profissão
Toninho, o seu sobrinho
Um menino interesseiro
Sempre fazia mandado
Pisava muito ligeiro
Ela alugava os quartos
Ele recebia o dinheiro 2
O irmão dela ligeiro
As casas todas vendeu
De comprar outro terreno
Ele também se esqueceu
No final de tudo isso
Veja o que aconteceu
Quando passou pouco tempo
Ele não tinha mais nada
Enquanto a irmã dele
Estava na disparada
Já tinha bastante casa
Por toda parte espalhadas
O Toninho sempre junto
Pra toda parte que ia
Ele era a única pessoa
Da confiança da tia
Trabalhava direitinho
E sabia o que fazia
As mulheres do cabaré
Achava ele decente
E mesmo sendo pequeno
Era muito saliente
Quando elas queriam um quarto
Ele já estava na frente
E assim esta mulher
Foi crescendo em disparada
Em quase todas as ruas
Tinha uma casa alugada
E ela no pé da máquina
Na costura era pesada 3
O Toninho tomava conta
De quanto era aluguel
E o bicho foi crescendo
Já mudou o seu papel
Consertar relógio velho
Brinco, cordão e anel
Pra mexer com tudo isso
Ele logo aprendeu
De cobrar o aluguel
Ele nunca esqueceu
Virou um profissional
Com o dom que Deus lhe deu
Aí, Maria Maciel
Tomou outra direção
Mesmo aqui na região
Abriu conta em todo banco
Pois já tinha condição
Comprou logo uma D20
Pra ir pro interior
Pra poder andar nas águas,
Ligeiro também comprou
Um barco grande e bonito
E lá rio ele deixou
Agora esta mulher
Casa tem mais de 80
A aluguel mais barato
Não é menos de 60
Tem algumas casas dela
Que é uns 250
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Já parou de costurar
Agora é tudo mudado
O negão ta na vazante
Plantando, e usando o arado
Ela fica na cidade
Com loja de móveis usados
Se uma família quer ir
Embora desse lugar
Não pode levar os móveis
Também não pode deixar
Vai oferecer pra ela
Ela vai logo olhar
E fala assim: meu amigo
Quero dizer a você
Deste aqui eu tenho muito
Pois eu já quero é vender
Mas se você quiser trocar
Veja como vai fazer
O pobre aperriado
Começa logo a pensar
E diz: dona Maria
Quanto é que a senhora dá
E ela ligeiro responde:
Mas eu quero é trocar
O pobre se coça todo
Mas não tem o que fazer
Já andou por todo lado
Não tem pra onde correr
Fala logo com a esposa
É o jeito a gente vender 5
Ela compra tudo dele
E paga muito ligeiro
Embora seja barato
Mas ela paga em dinheiro
No final, ainda fala
Obrigado, companheiro
O seu esposo, Aurelino
De apelido negão
Trabalha sempre no mato
É um grande cidadão
Mexendo com galinha e porco
E outros tipos de criação
Enquanto dona Maria
Vive sempre em Marabá
Abandonou sua máquina
E não quer mais costurar
Pega sempre o barco sai
Vai para o rio pescar
Ela só tem 5 filhos
Junileide, veio primeiro
A segunda é a Zuleide
Jucileide veio em terceiro
Em quarto veio o Johás
E o Janduy é o derradeiro
Seu sobrinho é o sabido
Que já não tem outro igual
Conserta relógio velho
E depois fica legal
Tira foto 3X4
É grande profissional 6
Compra e troca todo dia
Com ele é sempre assim
Todo tempo é alegria
Nunca tem tempo ruim
Quadro velho desmantelado
Pinta e deixa “bunitim”
Assim vive esse pessoal
Longe da terra querida
Distante da Paraíba
Mas aqui tem boa vida
Mas o pouco que aqui tem
É uma família unida
Dona Maria, a senhora
Tem o signo destemido
Já passou por muitas coisas
Mas sempre tem resolvido
Pois até no casamento
É sempre bem sucedido
O Toninho não fica atrás
Você sabe como é
Ele também já tem filhos
Teve mais de uma mulher
E apareceu mais o Mauro
Seu filho e irmão de fé
O Mauro apareceu
Já aqui em Marabá
Ele veio não sei de onde
Mandaram ele pra cá
Pra trabalhar na fazenda
E lá sofreu pra danar 7
Até que ele encontrou
Com o Toninho o sabido
No bairro das laranjeiras
Ele é muito conhecido
Que deu apoio pro Mauro
O seu rancho é garantido
Então a dona Maria
Gosta muito de pescar
Já tem sua tradição
Nos rios de marabá
É nos fins de semana
Vai à igreja orar
Agora é evangélica
E vive em oração
Ela é da Congregacional
Adora a religião
Ela está de parabéns
E o seu marido o negão
Dona Maria, eu também
Morava em outro lugar
Lá eu tinha condição
Vendi tudo e vim pra cá
Hoje vivo de aluguel
Pois não tenho onde morar
Pois tudo enquanto eu tinha
Fui perdendo na estrada
E agora estou aqui
Confesso, eu não tenho nada
Morando nas casas alheias
De vez enquanto alagada 8
Só escrevi esta estória
Que o sabido me contou
Eu não sei se a senhora
Dessa estória gostou
Eu não conheço a senhora
Mas ele assim falou
Aqui vou finalizar
Esta verdadeira estória
Escrita só em cordel
Que eu ofereço à senhora
Tudo que eu escrevo
Tudo da minha memória
Se quiser que eu escreva
Pode me procurar
Eu moro na Laranjeiras
Daqui não quero mudar
Se for estória de amor
Também sei improvisar
FIM