O BRUTO DOMADO

Para subir na vida

Precisa também ter sorte

Tem que lutar constante

Enfrentando até a morte

No mundo da ilusão

Ganha quem é mais forte

Passei dias isolados

Fazendo concentração

Pedindo a grande muza

Para me dar inspiração

Fui autorizado para falar

De um bruto valentão

Um fazendeiro tirano

Vivia para maldade

Não falava com ninguém

Não tinha camaradagem

Seu Deus era o dinheiro

E suas propriedades

Sebastião da costa

Era um nome respeitado

Mais respeitado era o homem

Que este foi agregado

Era um coroné tirano

Sujeito ruim malvado

Possuía grandes fazendas

Gado era sua paixão

Criava carneiro e cabra

Para sua curtição

Sua fortuna estipulada

Aproximava um bilhão

Não tinha filho nem mulher

Vivia na solidão

Moça não se aproximava

Com medo da reação

Por ser muito malcriado

Era pior do que o cão

Pirangueiro igual a ele

No mundo não existia

Vivia fazendo mal

Dia noite e dia

No dia que brigava

Para ele era alegria

Um dia chegou um homem

Procurou este coroné

Disse meu patrão

Tenho filho e mulher

Preciso trabalhar

Faço o que o senhor quiser.

Emprego eu não dou

Respondeu o coroné

Eu já tenho o meu vaqueiro

É minha mão e meu pé

Eu não troco este cabloco

Por um tal de Zé qualquer

Não precisa coroné

Trocar eu por ele

Eu faço o meu serviço

Ele faz o dele

Se sobrar um tempinho

Ainda posso ajudar ele

O meu nome é Miguel

Minha mulher é Marieta

Uma filha é Luzia

A outra é Julieta

Eu crio uma cadela

Que atende por careta

O coroné se mexeu

Querendo se afobar

Ele disse tenha calma

Deixe-me terminar

Ainda tenho dois filhos

Os nomes deles vou dar

Um filho se chama Antonio

O outro é João

Este por ter os olhos grandes

Atende por corujão

A paixão dos dois

É corrida de mourão

O coroné levantou-se

Uma palavra não deu

Gritou em voz alta

Você não entendeu

Deu um grito tão grande

Que a casa estremeceu

Se afaste daqui

Não quero ver nem o rasto

Não demore um segundo

Ao contrario eu lhe mato

Você conversa muito

Eu não gostei do seu papo.

Quando foi se retirando

Na casa do coroné

O vaqueiro gritou alto

Pare ai seu Migué

Agora vou ter uma prosa

Seja lá o que Deus quiser.

Patrão pelo senhor

Tenho grande admiração

Vou lhe fazer um pedido

Eu respeito como irmão

Dê emprego ao moço

Ele estar em aflição.

O senhor tem muitas coisas

Eu sozinho para cuidar

Vamos preparar cercados

Para mais gados criar

Uma pessoa comigo

Seus lucros vão aumentar.

Se não der emprego a ele

Não sou seu capataz

Hoje mesmo vou embora

Não olho nem para traz

Vou tentar esquecer tudo

Aqui não volto mais.

O vaqueiro ainda disse

Desculpe-me a ousadia

Para mim era covardia

Se eu não falasse

Eu disse o que pensei

Isto não é valentia.

O coroné ficou aflito

Viu que estava perdido

Disse consigo mesmo

Agora estou é frito

Se eu não der o emprego

Vou ficar no prejuízo.

Ficou de cabeça baixa

Continuou a pensar

Disse para o vaqueiro

Leve ele pra lá

Na casa do serrado

Com a família pode morar.

Os dois saíram abraçados

Fazendo apresentação

Ele disse Miguel

Meu nome é Valadão

Você agora trabalhe

Para agradar o patrão

Miguel voltou rápido

Ao encontro do patrão

Disse coroné

Olhe a minha situação

Eu não tenho comida

Também não tenho um tostão.

Estou precisando

De boa montaria

Preciso viajar

Para buscar minha família

Estão passando fome

Eu não seio á quantos dias

Eu não vou lhe enganar

Quem ta dizendo é Miguel

Me dê uma quantia

Seja quanto o senhor quiser

Hoje mesmo viajo

Voltarei quando puder.

O patrão naquela hora

Todo apoio lhe deu

Pegou uma boa quantia

Ao novato ofereceu

Disse me desculpe

Tudo que aconteceu

Hoje mesmo viaje

Traga a família pra cá

Você não demore muito

Tem terra para aprontar

O Valadão esta aqui

Para você orientar.

Montaria lhe deu

Dois burros e dois cavalos

Ali mesmo no cercado

Selaro e encangalharo

O novato pegou a estrada

Conforme o seu combinado.

Seu vaqueiro espantado

Vendo aquela ação

Eu não acredito

O que vejo no patrão

Talvez esteja sonhando

Ou, estou vendo visão.

Com cinco dias voltou

Foi direto ao cerrado

A casa estava pronta

Deixou o povo alojado

Foi ao encontro do patrão

Contar o resultado.

Patrão estou aqui

Para dar muito obrigado

Os cavalos e os burros

Estão lá no cercado

Não se preocupe patrão

Estão todos alimentados.

Estar aqui o dinheiro

Que sobrou da viagem

Já paguei a todo mundo

Mostrei honestidade

Ao senhor vou pagar

Trabalhando a vontade.

O coroné perguntou

Se tinha mantimento

Pra você entender melhor

Lá tem alimento?

Não quero sua família

Passar mais sofrimento.

Leve o dinheiro

Use com coisa boa

Não deixe faltar nada

Para a moçada e a patroa

Homem quando é honesto

Eu fico sorrindo á toa.

Miguel se retirou-se

Saiu muito avexado

Foi arrumar as coisas

Que estava desarrumado

Seu plano era mudar

A visão lá do cerrado.

Valadão e o patrão

foram a casa do empregado

Conhecer aquele povo

Há dias tinha chegado

Quando chegaram lá

Os dois ficaram pasmados

Eles foram recebidos

.Conheceram a família

O coroné ficou delirando

Com a presença de Luzia

Disse consigo mesmo

Voltarei aqui outro dia

Valadão quando viu

A irmã de Luzia

Ficou paralisado

Sem saber o que fazia

Disse patrão vamos embora

Voltaremos outro dia

O patrão disse Miguel

Você trabalhe a vontade

Mandou usar qualquer terra

Com segurança e liberdade

Preservar a natureza

Para ter água á vontade

O Miguel convidou

Para ficar para almoçar

Se preferisse

Ficava para jantar

Queria mais instruções

Para o serviço começar.

Marieta mulher esperta

De matuta não tinha nada

Conheceu que os dois

Era da mesma farinhada

Preferiu esperar

Para ver se tava errada

Miguel não notou

O que estava acontecendo

Sua mulher disse velho

Tu não vê o que estou vendo

O patrão e o vaqueiro

Quando olha para as meninas

Fica logo se derretendo.

Para as meninas é normal

Porque são besta de mais

Você tenha cuidado

Não sabe o que são capaz.

O patrão resolveu

Se retirar com o vaqueiro

Queria voltar rápido

Para dar um golpe certeiro

Pedir Luzia em casamento

Se casar muito ligeiro.

Luzia vendo os dois

Conheceu a intenção

O vaqueiro ao retirar-se

De Julieta apertou a mão

O coroné beijou Luzia

Na testa com emoção.

,

Eu vou parar um pouco

Para a mente descansar

Repouso eu não preciso

Só quero tomar um chá

Vou voltar muito ligeiro

Pra ver os dois namorar.

A atitude dos dois

Eu quero observar

Eles já estão passando

Seu tempo de casar

Com certeza agora

Os dois vão desencalhar.

O vaqueiro Valadão

Não queria perder tempo

Procurou a Julieta

Falou logo em casamento

Ela na hora aceitou

Já esperava o momento.

O coroné estava presente

Pediu a mão de luzia

Ela aceitou sorridente

Era tudo que queria

Naquela simples casa

Só se reinava alegria.

Toda família unida

Gozando felicidade

Seu Miguel muito alegre

Enfrentando a realidade

Foi direto para cidade

Para procurar logo o padre.

Na igreja do divino

Realizaram os casamentos

Convidado não faltou

Para assistir o evento.

Foram três dias de festa

Com muita animação

O sofoneiro tocando

Animando o festão

Comida bebida era tanta

Que era jogada no chão.

Os seus visinhos alegre

Vendo aquela união

Estavam todos suspensos

Com a grande transformação

O comentário de boca e boca

Isto não tem explicação

Fazendeiros assustados

Vendo a movimentação

Dissero consigo mesmo

Foi Deus ou foi o Cão

Que fez esta fera

Mudar de opinião.

Quando tudo ficou calmo

Foi feito uma reunião

O coroné e Luzia

Marieta e Valadão

Discutindo alguns assuntos

E dando orientação

O coroné naquela hora

Presenteou Valadão

Deu a ele uma fazenda

De nome boqueirão

Disse amigo, é pouco.

Tenho você como irmão

Deu grande quantia

Ao vaqueiro e irmão

Sua esposa ganhou

Animais de estimação

O cercado encheu de gado

Ainda também deu

Cinco cavalos alazão

Sebastião da Costa

Queria descansar

Convidou os dois cunhados

Para as fazendas administrar

Seu vaqueiro Valadão

Ficava para auxiliar

Seu Miguel e sua esposa

Ficou sorrindo á toa

Seus filhos já empregados

Ganhando uma quantia boa

Sebastião não falava

Das maldades que fazia

Queria viver feliz

Com toda sua família

Ajudando quem precisa

Ficou assim seu dia a dia

Quero agradecer a Deus

Que me inspirou no momento

De contar esta historia

De amor e sofrimento

De um bruto tirano

Que mudou de comportamento

Agora meus amigos

Preciso descansar

A cabeça estar doida

Eu tenho que repousar

Vou escrever outra história

Logo vou começar.

Luiz de Souza

O velho maluco

VELHO MALUCO
Enviado por VELHO MALUCO em 10/11/2010
Reeditado em 11/11/2010
Código do texto: T2606835
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