Sempre Solidário

Amigos leitores meu

Uma mensagem deixo agora

Seja humilde nesta vida

Pois de alguém você precisa

E este dia não demora

O dinheiro não compra tudo

Amizade, amor no coração.

Não compra o sono, a alegria.

Quando chegar o seu dia

Só compra o seu caixão.

Atenção para o relato

Que lhes conto até o fim

Um exemplo verdadeiro

Atenção, companheiros

A história começa assim

Tudo isso aconteceu

Com Seu Quincas “cabra da peste”

No sertão seco da Bahia

Onde mora a agonia

Nas agruras do nordeste

Seu Quincas homem sofrido

Como todo nordestino

Trabalhava noite e dia

Sustentava sua família

Esse era o seu destino

Num domingo de manhã

Quando o galo ali cantava

Arruma suas tralhas

Despedia-se da amada

Pra cidade se mandava

Como andava o velho Quincas

O cansaço não dava trégua

Viajava mesmo a pé

Enfrentava o que vier

Por mais de 5 léguas

Depois de muito andar

Já exausto e dolorido

Na cidade do Relento

Da por fim o sofrimento

Chega o Seu Quincas sofrido

Pra comprar o alimento

Com o tostão que ainda tinha

Comprava só o que dava

Toucinho, arroz, fava

Rapadura, pinga e farinha.

Mesmo com tanto sofrimento

Por sua vida agradecia

Não era rico ou doutor

Mas não lhe faltava amor

Sua família sempre comia

Depois da feira feita

Ele todo cheio de graça

Aprontava o seu regresso

E no boteco de seu Gesso

Tomava sua cachaça

Bem próximo ao pôr-do-sol

Com a carga grande e pesada

Começava a sua volta

O sofrimento não lhe importa

Pois viria a sua amada

Quando na serra o sol se põe

O Quincas segue sua jornada

Pra piorar o sofrimento

Começa ali um forte vento

Uma tempestade anunciada.

Cai a água que Deus manda

Seu Quincas naquele tormento

Já não via mais a estrada

E aquela carga pesada

Perdia-se ao relento.

Quincas já quase sem força

Avista sua salvação

Ficou todo aliviado e radiante

Pois ali logo adiante

Brilha o farol na escuridão.

Via-se ao longe um farol

De um carro que chegava

Quincas sorria feito criança

Aquele era a esperança

Que Quincas tanto esperava.

O carro ali parou

Um tremendo de um carrão

Transportava uma família

Pai,mãe e sua filha

Tinha até um cachorrão.

Quincas falou angustiado:

__Moço tenha de mim compaixão.

Minha casa é bem distante

Estou cansado e com muita fome

Eu vou nesta direção.

O homem todo orgulhoso

Com aparência de gente ruim

Olha pra Quincas ali molhado

Esnobando vira pro lado

E fala pra ele assim:

__Você está louco!!!

Todo imundo cheio de barro

Pra que tanto sofrimento?

Cadê o seu amigo o jumento?

Nunca entra no meu carro.

Dizendo estas palavras

O carro se mandou

Seu Quincas ficou parado

Sem alento, desnorteado

Uma lágrima na face rolou.

Seu Quincas era valente

Ele sempre acreditava

Com muita luta e fé

Molhado, com fome e a pé

Em sua casa chegava.

Quando entra em sua rocinha

Uma gritaria o deixa espantado

Bem debaixo de um barranco

Uma tragédia, um espanto

Um carro ali tombado.

Seu Quincas em grande aflição

Daquele local chega perto

E vê aquela família

O pai,a mãe e a filha

De sangue todo coberto.

O pai em grande pânico

Gritava,pulava aos berros:

__Alguém me ajude agora

Minha filhinha grita e chora

Está presa no meio dos ferros.

Seu Quincas com bom coração

Começa a elas ajudar

Mas a criança estava bem presa

E pra aumentar a tristeza

A chuva pra atrapalhar.

Seu Quincas em grande luta

E muita fé e esperança

Retira do meu dos ferros

A criancinha aos berros

Estava mal aquela criança.

Aquela criancinha sofria

Num estado anormal

Os pais em tremenda agonia

Como a filhinha salvaria

Tão distante de um hospital.

Seu Quincas pega a criança

Num gesto de grande ternura

Leva para a sua choupana

E com sua amada Ana

Prepara ali a sua cura.

Quincas e sua esposa

Eram de grande conhecimento

Das coisas da natureza

Conheciam, tinham certeza.

Dar a criança o salvamento.

Com folhas de uma planta

Estancaram o sangramento

Preparam um forte chá

Para a febre acalmar

E diminuir seu sofrimento.

A criança até sorriu

Deu a família um alento

Com grande humildade

Seu Quincas leva pra cidade

No lombo do seu jumento.

A família da criança

Dolorida e machucada

Aquela cena assistia

A todos comovia

Que família abençoada.

Seu Quincas com muita luta

Superando adversidade

Com grande sofrimento

No lombo do seu jumento

Chega cedo na cidade.

Chega lá no hospital

Os médicos logo atendem

Ver a criança sofrida

E tê-la ainda com vida

Todos ali surpreendem.

Depois de alguns dias

A criancinha se curou

Toda sadia e sorridente

Com a família toda contente

Para a casa ela voltou.

A família da criança

Que era pobre de coração

Com a situação sofrida

Valorizou agora a vida

Teve uma linda lição.

Aquela rica família

Aprendeu tudo com a dor

Que acima do dinheiro, ganância

Tem amor, fé, esperança.

Seu Quincas que ensinou.

Udirlei Correia
Enviado por Udirlei Correia em 09/11/2010
Código do texto: T2605228