Presença Divina

Presença Divina

Eu andava pela cidade

Um estranho me parou

Com gentileza e calma

Com pureza em sua alma

Uma história me contou.

__Venho de muito longe

Um lugar cheio de guerra

Violência e matança

Lugar sem amor e esperança

É triste a minha terra.

Fui de lá apedrejado

Com imensa crueldade

Fugi pra não morrer

Veja só o porquê

Vou contar toda verdade.

Quando jovem eu trabalhava

Foi meu ofício primeiro

Ajuda o seu José

E Maria sua mulher

Eu já era marceneiro.

Cresci revoltado

Com injustiça ao meu redor

Pobres, negros massacrados

Eram na vida soterrados

Dava pena, dava dó.

Mas não cruzo os braços

Pois em meu peito trago a Paz.

Luto contra o poder, ganância

A violência, a matança

O dinheiro e muito mais

Nunca vou desistir

Pois esta é minha missão

__Moço, desculpe o tormento

Pois tomei o seu tempo

Peço aqui o seu perdão.

Fiquei de boca aberta

Com incrível narração

Levei-o para casa

Dei-lhe um copo d´água

E uma grande refeição.

Contou-me algumas façanhas

Causos incríveis, sem igual

Mas minha preocupação era tanta

Pois minha filhinha santa

Estava mal em hospital.

O seu nome eu perguntava

O telefone ali tocou

Minha esposa que ligava

Aflita ela gritava

Nossa filha piorou

Disse ao homem se acomode

Pois urgência me chama

Tenho que sai ás pressas

É assunto que interessa

Minha filhinha que me chama

Deixei o homem ali parado

Fui correndo ao hospital

Cheguei aflito e desesperado

Fiquei louco, alucinado

Pois minha filha estava mal.

Olhei para minha princesa

Ah!meu coração sangrou

Ver minha querida amada

Numa cama deitada

A razão de meu Amor.

Saí dali decidido

Um médico logo procurei

_Doutor, me conte a verdade

Tire-me a angústia, ansiedade

Releve-me o que não sei.

O doutor sem hesitar

Como uma faca afiada

Feriu-me,estraçalhou

Meu coração machucou

Com a verdade revelada.

__Senhor, sinto muito

Sei que é sua filha querida

Mas o mal é incontrolável

A doença incurável

Vai tomar a sua vida.

Aquelas poucas palavras

Que acabara de ouvi

O meu peito sufocou

Como era grande aquela dor

Eu não pude resistir.

Saí louco pelo corredor

Gritando sem pensar:

__Meu Deus,por que isso?

O que fiz contigo

Pra poder me castigar.

Sou o teu devoto

E o que fazes comigo?

Para Ti sempre rezei

O teu nome exaltei

Não mereço este castigo.

Minha esposa como um anjo

De mim se aproximou

Abraçou-me com ternura

Com sua alma bela e pura

Umas palavras assim falou:

__Amor, não fique assim

Também dói-me o coração

Amo muito minha filhinha

Ela é minha rainha

Do meu viver é a razão

Nosso pai,nosso senhor

Não castiga,pois nos ama

Ele está aqui presente

Sempre olhando para gente

Ele não nos abandona

Aquelas palavras doces

Vindas de minha mulher

Abrandaram o meu coração

Ao senhor pedi perdão

Onde estava a minha fé?

Decidido e confiante

Com muita fé e devoção

Fui aquela capelinha

Peguei um terço que eu tinha

Comecei minha oração.

__Senhor, sei TU existes

Pois provas já nos deu

Não para mim ou para outro

Deu prova para o povo

Foi por ele que morreu.

Venho aqui para pedir

És minha única solução

Senhor,sabes o que quero

Pois és tu o PAI ETERNO

Dê minha filhinha a salvação.

Depois daquela prece

Levantei-me para sair

Ali estava ao meu lado

Aquele homem abençoado

Alegremente a sorrir

Tentei falar algo

Ele prontamente não deixou

__Homem,vá ver sua filhinha

A coitada está sozinha

Pedindo o seu amor.

Me mandei pro hospital

Mesmo sem nada entender

Queria ver a filha amada

Que ali desenganada

Vivia a padecer.

Quando no quarto entrei

Estremeceu meu coração

Minha filha ali sentada

Toda alegre e animada

Disse:_Pai,minha benção!

Meu coração ecelerou

Corri em sua direção

Abracei-a e a beijei

Em meu peito apertei

Que grande emoção!

Ver minha filha amada

Sorrindo alegre a cantar

Foi um presente do céu

Que o Senhor poderoso e fiel

Veio aqui nos dar.

Voltamos para casa radiante

Como uma família unida

Tinha uma esposa fiel

Um pai eterno no céu

E minha filhinha querida.

Alguns dias adiante

Estava alegre a cantar

Minha filha me chama

--Pai,sente aqui nesta cama.

Tenho algo pra falar.

Quando estava doente

Naquela cama no hospital

Entrou no quarto um senhor

Na minha mão segurou

Senti uma paz sem igual.

Olhou-me e disse assim:

__Filha, por que choras?

O teu pai te curou

Com grande fé e amor

Levante e vá embora

__Você está curada

De toda dor e aflição

Diga a seu pai amado

Que por ele sou sempre grato

Pela água e refeição.

Tudo aquilo que ouvi

Deixou-me sem destino

Quem era aquele homem

Que não sei nem o seu nome

Um anjo santo divino?

Alguns dias depois

Passando pela cidade

Vi na rua uma multidão

E um corpo estendido no chão

Que tamanha crueldade!

Desci do carro ligeiro

Para ver o ocorrido

Vi um homem ensangüentado

Todo sujo e maltratado

Eu não tinha conhecido.

Daquele homem aproximei

Foi enorme o meu espanto

O senhor ali no chão

Morrendo sem compaixão

Era aquele homem santo.

O seu corpo levantei

Entre aquela multidão

Ele ainda estava vivo

Senti um leve suspiro

E batia o coração

Levantou sua cabeça

Um sorriso ele me deu.

E me falou bem assim:

_Minha luta não tem fim

Virou-se o corpo e morreu.

Foi-se embora aquele homem

Puro, honesto, fiel

Anjo eterno, divino

Cumpriu com honra seu destino

Foi com Deus morar no céu.

Relatei tudo a minha família

Aos prantos em emoção

E minha surpresa aumentava

Pois no calendário marcava

Sexta-feira da Paixão.

A partir daquilo tudo

Compreendi minha missão:

Das maldades a terra livrar

A paz aqui semear

Com O SENHOR no coração.

Autor: Basílio Rivaneto

Udirlei Correia
Enviado por Udirlei Correia em 05/11/2010
Código do texto: T2598161