UMA VIAGEM ABSURDA
Viajei pro Pantanal
Em cima de uma rena
No caminho Lampião
Olha pra mim e acena
Vi Hitler numa porteira
Tão magro que me deu pena
Numa casinha pequena
Eu passei a noite fria
Encontrei por lá três homens
Seguindo a estrela guia
Cada um dos coronéis
O seu presente trazia
Parti quando se fez dia
Enfrentei foi grande chuva
Minha rena pegou gripe
Eu pus nela uma luva
Esgotado me deitei
Debaixo dum pé de uva
Uma formiga saúva
Mordeu bem nas minhas partes
Quem cuidou do ferimento
Foi o Pedro Malazartes
Vinha ele com a tropa
Cavalos e estandartes
Eu comprei dois bacamartes
Porque vi Napoleão
Com seus soldados marchando
No meio do cerradão
Dei três tiros para cima
Foi aquela claridão
Houve logo dispersão
Fugiram em disparada
Até duas cobras cegas
Saíram em revoada
A mulher dum fazendeiro
Correu nua, espantada
A rena morreu, cansada
Eu aluguei um jumento
Tinha sido de Dom Pedro
Era velho e fedorento
Prossegui no meu caminho
E saí cortando vento
Conseguindo meu intento
Cheguei na beira dum rio
Vi urso, pinguim, camelo
E foca, leão, bugio
Vejam só como é que é
Lá não tinha jacaré
Tuiuiú nem sucuri
Eu fiquei muito invocado
O mapa tava trocado
Não soube onde era ali
____________________________________
Mais uma pequena homenagem ao grandioso Zé Limeira, o Poeta do Absurdo.
Viajei pro Pantanal
Em cima de uma rena
No caminho Lampião
Olha pra mim e acena
Vi Hitler numa porteira
Tão magro que me deu pena
Numa casinha pequena
Eu passei a noite fria
Encontrei por lá três homens
Seguindo a estrela guia
Cada um dos coronéis
O seu presente trazia
Parti quando se fez dia
Enfrentei foi grande chuva
Minha rena pegou gripe
Eu pus nela uma luva
Esgotado me deitei
Debaixo dum pé de uva
Uma formiga saúva
Mordeu bem nas minhas partes
Quem cuidou do ferimento
Foi o Pedro Malazartes
Vinha ele com a tropa
Cavalos e estandartes
Eu comprei dois bacamartes
Porque vi Napoleão
Com seus soldados marchando
No meio do cerradão
Dei três tiros para cima
Foi aquela claridão
Houve logo dispersão
Fugiram em disparada
Até duas cobras cegas
Saíram em revoada
A mulher dum fazendeiro
Correu nua, espantada
A rena morreu, cansada
Eu aluguei um jumento
Tinha sido de Dom Pedro
Era velho e fedorento
Prossegui no meu caminho
E saí cortando vento
Conseguindo meu intento
Cheguei na beira dum rio
Vi urso, pinguim, camelo
E foca, leão, bugio
Vejam só como é que é
Lá não tinha jacaré
Tuiuiú nem sucuri
Eu fiquei muito invocado
O mapa tava trocado
Não soube onde era ali
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Mais uma pequena homenagem ao grandioso Zé Limeira, o Poeta do Absurdo.