Sô nordestino cum muitio orgúio dona Mayara Petruso

Usuária do Twitter responderá na Justiça por crime de preconceito contra nordestinos

GUILHERME TAGIAROLI || Do UOL Tecnologia

Print do Orkut da estudante Mayara Petruso; perfil exibia mensagem de desculpas, mas teve conteúdo alterado

A OAB-PE (Ordem dos Advogados do Brasil de Pernambuco) vai entrar com uma ação nesta quinta-feira (4) contra uma usuária do Twitter Mayara Petruso, que ganhou fama na internet após publicar comentários ofensivos contra o povo nordestino. Após a vitória de Dilma Rousseff nas eleições presidenciais, a jovem postou “Nordestisto [sic] não é gente. Faça um favor a SP: mate um nordestino afogado”.

De acordo com Henrique Mariano, presidente da OAB-PE, a entidade está concluindo a reunião de provas contra a jovem que, ainda segundo a OAB, é paulistana e estudante de direito. Ela responderá pelos crimes de racismo e incitação pública de ato delituoso -- no caso, homicídio. O processo será entregue ao Ministério Público Federal. O crime de racismo, além de inafiançável, tem pena que varia entre dois e cinco anos de cadeia. Já o de incitação pública a delito varia de três a seis meses de detenção.

Caso a estudante faça estágio na área de Direito e tenha registro na OAB-SP, a OAB-PE entrará com um processo administrativo para cassar sua licença. "Como uma acadêmica de Direito promove um ato tão degradante?" questionou o presidente da OAB-PE.

airam Ribeiro

Nóis nun temo curpa não

De essa muié ganhá

Nun foi só nóis na inleição

Qui nas urna foi votá

Lá no sul a sióra vai vê

Qui eles tomém foi querê

Ela a nação mandá.

Ô dona percunceituosa

Arrespeita o nordestino

Qui tem sua vida onrroza

De sofrê derna minino

Somos um povo caloroso

Tomém muitio orguiozo

Em siguí nosso distino.

Tamo nu’a dimocracia

E votamo ni quem nóis qué

Nun vô fazê anarquia

Pruquê ganhô a muié

Digo aqui nessas rima

Qui eu siguí a Marina

Mais na Dilma eu boto fé.

Tomém nun votei nela não

Mais nun curpo os paulistano

Fui Serra de coração

Lhe digo i nun ingano

Sou nordestino sim sinhô

Qui respéitia quem ganhô

Nos voto qui fôrum dano.

Nordestino é gente sim

E ele nun morre afogado

Pois derna de piquininim

Viu o seu xão isturricado

Esse cabra da peste de nome

Foi pra Sun Pálo matá a fome

Mais quanto ele tem trabaiado!!

Inquanto ocêis ta nas iscola

Ele ta nas cunstrução civil

Dano duro sem pidí esmóla

Pra da dicumê os seus fio

Essa nação nordestina

Vai dar a volta pur cima

Ocêis vão vê meu Brasiu!

Nun carecemo de piedade

Da gente precuinceituosa

Qui sai pur aí na cidade

Falano de u’a raça orguioza

Nóis semo o berço da curtura

O Nordeste ta lá nas artura

Cum sua gente majestosa.

Sô nordestino Mayara

Nun tenho vregonha de dizê

Eu tenho vregonha na cara

E tenho dó de vosmicê

Qui nun arrespeitia o cidadão

E qui tomém em suas lição

Nun istudô a regra do bom vivê.

Nóis temo cantô dos bão

Temos tomém Rui Barbosa

Tu nun cuiéce o Gonzagão

Cum sua sanfona famosa?

Castro Alves e outos mais

Ocê pregunta seus pais

Qui eles dirão nu'a prosa.

Tu ta fazeno direito

Mais age cuma narfabeta

Agino cum precunceito

Tentano siguí u’a meta

De martratá os cidadão

Dos requintes desta nação

Qui vévi a vida correta.

Cum respeito aos narfabeto!

Pois tem muitios qui são dotô

Formados in istudo discreto

Nas labutas do interiô

E nas facurdade da vida

Cum a isperiênça da lida

Qui pra eles Deus ordenô.

Airam Ribeiro
Enviado por Airam Ribeiro em 03/11/2010
Reeditado em 04/11/2010
Código do texto: T2594865