Quem tem medo de panela-de-pressão?

Tudo hoje é mais moderno

há muita facilidade

a tecnologia avança

trazendo comodidade

seja em qualquer área

há sempre uma novidade.

A história que vou narrar

ela aconteceu de fato

no interior da Bahia

num tempo mais afastado

quando as novas aqui chegavam

de modo mais demorado.

Nas capitais do país

já não era raridade

a tal panela-de-pressão

pra cozinhar de verdade

carne dura, grão-de-bico

até sola de sapato.

Já era presente da moda

em casamento na cidade.

Pois aqui chegou Valtinho

da capital federal

resolveu trazer a prenda

um presente sem igual

a ofertar sua irmã

Mª Amélia, mãe de Val.

E ele muito contente

achando que ia agradar

ao ofertar o presente

assustou-se a escutar

-Não quero essa panela, não,

dizem que é bem perigosa

já me contaram aqui

que ela é bem ardilosa.

É que a panela-de-pressão

já tinha virado tabu

todo mundo já falava

dos males do tribufu

parecia mais arma de guerra

do que uma simples panela

para cozinhar andu.

E assim Mª Amélia

não aceitou o presente,

mas o irmão muito esperto

homem bem experiente

disse - Já trouxe a carne,

vamo lá, experimente!

Disse Amélia - Eu não mexo,

nesse troço perigoso

e eu tenho os meus fi

não faço nada riscoso!

Valtinho então preparou

a carne bem desgostoso.

Botou a panela no fogo

e ao primeiro chiado

-Corre, meus fi lá pro mato! -

gritou Amélia dobrado.

Só vi menino e menina

correndo pra todo lado.

E pra não perder a conta

eram dez pra ser exato.

E lá de longe espiando

atrás das unhas de gato

de vez em quando diziam

- Podemo sair do mato?

Da casa a mãe gritava

- Ainda tá arriscado.

-Tira, Valtinho, a panela

leva esse bicho daqui

não quero ficar com ela

pois eu tenho os meus fi.

O irmão então tirou

da panela a pressão

e um chiado mais forte

aumentou a aflição.

-Corre, meus fi, se isconde,

não aparece aqui não!

E quando passou o perigo

os filhos foram chegando

ainda meio assustados

foram aos poucos se soltando

Valtinho achando graça

de todo aquele desmando.

Ele jamais imaginou

viver tal situação

um presente tão moderno

causar tanta confusão

toda uma familia com medo

de uma panela-de-pressão.

A mãe mais calma então

desfez-se daquela panela

dizendo assim - Nós sem ela

perigo num corre não,

eu tenho os meus dez fi,

num carece dela não.

Se Amélia tivesse aqui

já teria se acostumado

com todas as novidades

que nos tem facilitado

a vida de quem trabalha

e quer mais comodidade.

Suzana Duraes
Enviado por Suzana Duraes em 28/10/2010
Reeditado em 16/07/2016
Código do texto: T2584236
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