CORDEL DA PAIXÃO
Rodamos o mesmo caminho,
Em busca da mesma oração!
Deixamos pra trás nosso ninho,
Nós fomos um só coração!
As quatro paredes molhadas,
Conosco a lacrimejar,
Olhavam-nos assustadas,
Mister era nos ocultar!
Abraços...mil beijos roubados,
Gemidos pairavam no ar...
Dois corpos tão extasiados
Num só,a se completar.
Subimos íngremes ladeiras,
De pedras batidas ao chão,
No peito a vontade altaneira
De viver a nossa paixão.
Por horas tão passageiras,
Andamos na contra-mão,
Matamos com água certeira...
A sede da nossa emoção.
Um largo espaço de ordem,
Estava a nos espreitar...
A nossa oculta desordem,
Estava a nos condenar!
O sino então repicava,
Naquele calor de escaldar!
Difícil a nossa jornada,
De ter que a vida driblar!
Assis...revoou os seu pombos,
No ar...a nos homenagear...
Aos quatro cantos ...um conto
De paz,sempre a nos amparar.
Mas eis que o tempo à porta,
Silêncio!-Hora de despertar...
O que existe?-Não importa!
A vida impõe retornar.
Na ida fomos alegria,
Nem traços de solidão...
Na volta fomos agonia
Um não sei quê...depressão.
Largamos à beira da estrada,
Um amor que sempre nos pulsou
Da infância à vida maturada,
Que o tempo jamais sufocou.
E assim,fechou-se a cortina,
De mais um história de amor,
Selada com a mesma rima...
Aonde a saudade é só dor!