O FORRÓ DO GONZAGÃO

Cruz das Almas meu rincão

Com Embrapa e UFRB

Faz um belo São João

Que dá gosto de se ver

Com muita moderação

Vamos comer e beber

Venham todos, venham pra cá

Pra comemorar o São João

Na cultura o arraiá

Vai juntar todo o povão

Pra prestar uma homenagem

A Luiz Lua, rei do Baião

Pernambucano valente

Seu Luiz foi o maior

Botou toda a sua gente

Pra dançar xote e forró

Só parando de manhã

Molhadinhos de suor

A cidade não ciúma

E dá viva ao Gonzagão

E no parque Sumauma

Na grande concentração

O forró vem recheado

De alegria e emoção

Há muitos anos atraz

Nesta terra o rei cantou

Monark patrocinou

Silvestre o entrevistou

Gonzagão se emocionou

Silvestre quase chorou

Foi parceiro de Gonzaguinha

De Sivuca e Dominguinhos

Elba Ramalho, Guadalupe

Raimundo Fagner, Toquinho

Gal Costa e Mituquinha

Trio Nordestino e Osvaldinho

A musica de seu Luiz

Põe palha de cana a voar

E a mula de sete palmos

Se balança toda a dançar

Namorando a Karolina

Que se escreve com K

Asa Branca é um hino

Que todos cantam com ardor

Os balões estão subindo

Olha pro céu meu amor

Velhos moços e meninos

Olha o gari e o doutor

Cantou morte de vaqueiro

E a cintura da menina

Com X cantou Xanduzinha

E a vida do Boiadeiro

Nas festas de pé de serra

Pôs fogo na camarinha

Na estrada de Canindé

In riba de um pau de arara

Gonzagão viu o pior

Ouviu as vozes da seca

Sentiu o solão na cara

Margano Qui nem jiló

Na cidade grande chegou

Lembrando sua Rosinha

Dos seu fiinho e fiinhas

Cantou até ficar rouco

Pra se alembrá dos amô

E ganhar dinheiro pouco

Chora sanfoninha chora chora

Cantava assim Gonzagão

Passou por necessidade

Lembrando do seu sertão

Fingindo felicidade

Ao cantar uma canção

Gonzagão foi logo a praia

Para ver como é que é

Da minitanga gostou

Mas ficou ruim da bola

Em ver tanta rabichola

Nas cadeiras das muié

Bom cantador popular

Rimador de muito tino

Luiz Lua inda rapaz

Cantava umas emboladas

Com seu jeito nordestino

Nos bares pobres do cais

Nordestinidade na mão

E uma sanfona também

Vestia a alma do povo

Com roupas de Lampião

Ia comendo Xerem

Farinha arroz e feijão

Cantou as dores e amores

de um povo que não tem voz

Mostrou belezas e cores

Do seu nordeste sofrido

O sofrer por falta d´agua

E a morte com a seca atroz

De tanto cantar bonito

Lá no rio de Janeiro

Gonzaga ficou famoso

Tornou-se um bom sanfoneiro

Ficou bem reconhecido

E ganhou muito dinheiro

Voltou pra casa faceiro

Pensando que era o maior

Com ar de superior

Ai falou Zé Jacó

Tu respeita Januário

Teu pai, que te ensinou

E aquele pobre menino

Retirante e sanfoneiro

Conseguiu fama e sucesso

Um legítimo brasileiro

Que nas asas da Asa Branca

Foi até pro estrangeiro

Encantou as gerações

Com sua sanfona branca.

Seu vozeirão de tenor

Não diminuiu com a idade

E no show de despedida

Quanta felicidade

A velhice foi chegando

Assim como quem não quer nada

E Luiz se preparando

Para a hora da parada

Continuava cantando

Com sua voz afinada

Foi num dia dois de agosto

Que se deu o desenlace

A noticia se espalhou

Na cidade e no sertão

O forró perdeu sua face

Com a morte de Gonzagão

O povo ficou atoa

Sem seu mió cantador

Parecia uns assum preto

Cego dos zoi a chorar

Vendo dentro dum caixão

Em Exu Lua chegar

Dois mil e oito tá bão

E a festança acontece

E o tema de Sao João

Bem merecido parece

Vai festejar Gonzagão

Seu forró e suas preces

Por tudo que ele foi

Na homenagem me encaixo

Cantando ou tangendo boi

Nas festa de São João

Vou festejar Gonzagão

E seus cento e vinte baixo

A programação da cidade

Não é pra qualquer Mané

Tem Sarapaté com Pimenta

E a banda do Acarajé

Se Adelmario é estrela

Tambem é Flavio José

E tem mais programação

Que é de tirar o chapeu

Tem o cantador Santana

E a poesia de cordel

Tem Virgilio afinado

E suspiros pro Daniel

A fogueira está acesa

Com forró de Cabo a Rabo

Mala Cheia tá no palco

La na festa de Zé Nabo

E gira a Saia Rodada

Pra ninguém ficar parado

Tem forró cá na cidade

Mas no Bosque também tem

Lá, Chiclete é com Banana

Tocando do axé ao xote.

Tem Zezé, tem Luciano

Tem pista, tem camarote

Pensa que acabou?

Então eu falo e intéro

Pra animar a festança

inda tem bandas mió

Tem a boa Estaka Zero

E os Cavaleiros do Forró

Forró é bom de dançar

Agarradinho é melhor

Brincar no forró do Brejo

Até ver o sol raiar

Voltar pra casa feliz

Gritando que é o maior

P’ra turma dos espadeiros

Não ficar tão chateada

Não podia ficar ausente

A danadinha da espada

Que traz turista pra gente

E alvoroça a moçada

Dia vinte e quatro à tarde

Lá na praça principal

A danadinha apavora

O turista e o local

Mas é bem antes da festa

Por volta das cinco horas

Espadeiro consciente

Não solta espada atoa

Respeita a lei e as placas

Só toca onde é permitido

Usa a espada numa boa

De modo ordeiro e decente

Donde estiver, Gonzagão

Vai sorrir agradecido

Pois esta festa animada

Com xote xaxado e baião

Vai ser muito comentada

Em radio e televisão

E eu que também sou Rei

E Agá Pê que é escritor

Encerramos estes escritos

Louvando o rei do Baião

E a festança da cidade

Dando um Viva a São João.

Autores: Hermes Peixoto e Rei Consul