VIDA NOBRE

“Este é um menino pobre

Que tem uma alma nobre!”

Ele veio da favela

Conheceu o pai na cela

Que depois logo morreu

Por traição que cometeu.

E sozinho a sustentar

A mãezinha, irmãs, o lar

Lutou com dificuldade

Nunca viu gratuidade

Ele foi até forçado

A abastecer drogado.

Os “malandro o perseguia”

Lhe faziam covardia

Só por ser tão diferente

Tinha respeito de gente

Concentrado no estudo

Para conhecer de tudo.

Bem sabia que dureza

Estudar não foi moleza

Ser aluno e operário

Precisava do salário

Inda tinha tal pressão

Dos seus “amigo ladrão”.

Mas passou em bom lugar

Naquele vestibular

No seu mundo tão medonho

Ele acreditou no sonho

Disse “não” ao preconceito

E foi estudar direito.

Como assim? Um favelado

Se formar pra advogado!

Pois do menos fez a soma

Usa beca, tem diploma

E promete à mãe conforto

Nunca mais um dia morto.

Ele vai pra formatura

Quando vê a viatura

Confundido com ladrão

Bala em sua direção

Peso da pele escura

Preconceito, oh amargura!

Se aproxima um anjo santo

E o cobre com um manto

Que então afasta a bala

Em seu corpo nem resvala

E diz: “Vim, menino pobre,

Vim salvar-lhe a vida nobre!”

Marco Aurelio Vieira
Enviado por Marco Aurelio Vieira em 27/10/2010
Reeditado em 28/10/2010
Código do texto: T2580923
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