O dia em que os políticos corruptos foram castigados
Para ser um candidato
Não precisa ser formado
É bastante ser falador
E falar bem explicado
Ser maior de idade
Em um partido ser filiado
Na formação da convenção
Conhecer os delegados
Pode ser até ladrão
Caloteiro e safado
Desde que seja afilhado
De um político afamado
O seu primeiro passo
Usar a imaginação
Procurar a trabalhar
Com um político ladrão
Para escola de corrupto
Ele está encaminhado
É só prestar atenção
O que faz o safado
Olhar o jeito de vestir
Se ele usa cuecão
Observar a meia dele
Se ali cabe um milhão
No seu gabinete
Ele sai diplomado
Vai direto para rua
Enganar o eleitorado
Eu respeito a todos
Trato com educação
Não mando alguns para o inferno
Porque tenho pena do cão
A matrícula foi feita
A escola foi formada
O cara ali trabalhando
Observando a jogada
Considero qualquer político
Quando trabalha para o povo
Isto não acontecendo
Trato como cachorro
Amigos leitores
Preste muita atenção
Isto é um exemplo
Como se forma um ladrão
Existia um candidato
Mulherengo e jogador
Passava cheque sem fundo
Enganava até doutor
Tinha outro sem vergonha
Amigo do safado
Disse muda teu nome
Pra se tornar afamado
O povo gosta disso
Nome fácil de falar
De batismo é Francisco
Acrescenta Calabar
Domingo Fernandes Calabar
Ele foi um traidor
O mesmo foi julgado
Com sua vida pagou
É personagem polêmico
Todo mundo lhe conhece
Se o povo gostar
Niguem nunca mais esquece
Pode acreditar
No conselho do amigo
Se a moda pegar
A eleição estar no bico
Francisco chamou sua turma
E os pinguços de bar
Pediu que chamasse
De Francisco Calabar
Muita gente conversando
Com muita perseverança
Já tinha alguém discutindo
Ele lá na liderança
Francisco não perdeu tempo
Começou a se arrumar
Andava bem vestido
Querendo se apresentar
Cumprimentava a todos
Com muita dedicação
Fazendo o V da vitória
Usando o dedão
Muitos Balançadores
Chamava até de Doutor
Outros gritavam alto
Ele é nosso vereador
No povoado que nasceu
Ele ali era rei
Procurava atender a todos
Com franqueza e rapidez.
Sua popularidade
Correu sem direção
Todos os políticos do estado
Queriam lhe dar a mão
Governador prefeito e deputado
Procurarão Calabar
De olho nos seus votos
Prometendo apoiar
Conhecerão o povoado
O eleitorado também
Ali abraçavam a todos
Sem descriminar ninguém.
O povo dando viva
Calabar é nosso irmão
Só se ouvia voz ensaiada
Esta ganha a eleição
Os políticos disseram Calabar
Ganha todos na conversa
Invés de dar dinheiro
Organiza uma festa
Nos já decidimos
Não precisa se apresar
Distribua mantimentos
Para o eleitorado formar
Aproveita a ocasião
Eles gostam de curtição
É nesta hora
Que entramos-nos em ação
Quando tiver tudo pronto
É somente avisar
Chegaremos com a caravana
Para a candidatura lançar
Nos somos muito fortes
Estamos coligados
Quando ganharmos a eleição
Banana para os otários
Anuncia logo o comício
Para mostrar nossa união
Quero ver grande festa
Com muita animação
Agora quero parar
Para descansar um pouco
Volto no instante
Para começar de novo
Estou aqui de volta
Para história continuar
E mostrar o povoado
A onde nasceu
Francisco Calabar
Era um pequeno povoado
Querendo ser grandioso
De tudo tinha um pouco
Com seu povo generoso
População aumentando
Já querendo ser cidade
Lá tinha uma igreja
Da Santíssima Trindade
Também tinha cabaré
Com a madame educada
Ensinando a garotada
Começar a cachorrada
Bebida não faltava
Vendida em qualquer lugar
Sanfoneiro tocava muito
Para a moçada dançar
Quenga ali tinha de mais
Vinha de outro estado
Lá tinha cafetão
Também tinha veado
Tinha uma praça bonita
Ela foi feita por capricho
Tinha uma feira livre
Só nos dias de domingo
Tinha um vigário maldoso
Politiqueiro e tarado
Andava apalpando as moças
Dentro do confecionário
Tinha um bar de esquina
E também uma escola
Esqueci de diser
No cabaré da madame
Ainda tocava vitrola
Tinha uma lavanderia
Ao lado da padaria
Tinha um terreno baldio
Aonde armava o circo
Para fazer alegria
Tinha um parque bonito
Ao lado da pracinha
Aonde as crianças brincavam
Fazendo suas festinhas
Tinha festa constante
Um coreto organizado
O maestro Zé viola
Tocando bem animado
O povo ali de lado
Todos admirados
Muitos batiam palmas
Quando tocava dobrado
Tinha a delegacia
Soldado pra policiar
Também um cinema
Para a turma namorar
No morro da pedra funda
Tinhas várias nascentes
Ali formava um rio
De águas transparentes
Ele abastecia
A toda população
Vinha das nascentes
Formando grande união
As autoridades
Fizeram a composição
Desviaram as águas
Para fazer atração
Progetarão uma ponte
Com um forte paredão
Formando ponto turístico
Passando embarcação
Este era o povoado
De Francisco Calabar
Ele escolheu a política
Vamos ver o que vai dar
Meus amigos leitores
Aguarde com atenção
Eu vou parar um pouco
Para repor inspiração
Já estou aqui de volta
Eu tomei o meu café
Fui me fortificar
Para agüentar o trupe
Ao nosso criador
Quero pedir perdão
Vou aplicar toda ira
Neste político ladrão
Francisco Calabar
Com seu esquema maldoso
Era arrumar uma rua estreita
Para amutuar o povo
Francisco começou
O comício a organizar
Os políticos estavam esperando
Para a data marcar
Ele queria um lugar
Que não fosse tão folgado
Para mostrar aos adversários
A força do eleitorado
Com três dias de pesquisa
Localizou um lugar
Preparou todo esquema
Puxou o carro pra lá
Já tinha alugado um carro
Com ajuda do pessoal
O caminhão foi decorado
Pelas moças do lugar
Contratou vinte piranhas
Que tinha no fuar
Disse que pagava bem
Somente para gritar
Alugou um alto falante
Para fazer a zoada
O locutor era fanhoso
Tinha a linguagem enrolada
Botou uma gambiarra
Com varias lâmpadas pendurada
Por não ter transformador
Só dava lâmpada estourada
Mandou fazer bandeiras
Representando o partido
Contratou muita gente
Para balançar e dar gritos
Procurou o fogueteiro
Que morava no lugar
Eu vou fazer um comício
Quero lhe contratar
O senhor vai trabalhar
Com grande dedicação
Quero salva de tiros
Fassa muito foguetão
Também quero aquele fogo
Quando solta faz um véu
Forma uma grande nuvem
Fica parecendo um céu
Giranda eu quero muita
E também fogo do ar
De uma salva de tiros
Quando o político chegar
Quero muito pistolão
Para a moçada queimar
Ainda fassa chuvinha
Para meninada soltar
Disse trabalhe
Não precisa se preocupar
Bota gente extra
E pode contratar
Quando for à hora exata
Da caravana passar
Só toque fogo nos fogos
Quando eu te ordenar
Faça tudo direitinho
Cuidado para não errar
Depois do comício
Você pode me procurar
Contratou banda de pífano
Com sua zabumbada
Mandou chamar Zé rabeca
Para fazer mais zoada
Convidou outra banda
Com o maestro Sabiá
Disse toque muito
Depois pode cobrar
Ainda disse maestro
Vá bem preparado
Treine a rapaziada
Para tocar muito dobrado
Foi direto a igreja
Levou o padre no bico
Leve seus fieis
Para assistir o comício
Quando eu for eleito
Eu vou te ajudar
Reformo a tua igreja
Para os devotos rezar
O padre deu um conselho
Tenha calma e tenha fé
Faz o teu comício
No dia de São José
Calabar muito animado
Por todos agraciados
O vigário lhe abraçou
Disse estou ao seu lado
Então ele aceitou
a data estar marcada
A igreja me apoiando
Assim vai ser mamata
Dezenove de março
Era uma data consagrada
O calor muito forte
O povo pedindo água
A procissão na rua
Muita gente acompanhando
As beatas cantando
E alguns fieis rezando
As autoridades chegaro
Naquele grande momento
O padre foi ao encontro
Mais ligeiro do que o vento
Aquele pequeno povoado
Não cabia a multidão
O povo estava ansioso
Para assistir o comissão
O Francisco ali presente
Parecia um doutor
A autoridade lhe abraçou
E ao povo apresentou
Francisco foi candidato
Com apoio do povão
As lideranças políticas
Todos lhe deram a mão
Naquele grande comisso
Banda de música tocando
As putas todas gritando
E os fogos pipocando
Os pucha saco presente
Botaro Francisco no braço
A banda acompanhando
Tocando muito dobrado
O castigo estava presente
Faltava pouco pra acontecer
São José esperando
para deixar anoitecer
Ajustiça do céu é reta
O grande homem não dorme
Vai acontecer algo ruim
É para ninguém enganar a pobre
A temperatura caiu
Chegando logo a ventar
O céu ficou nublado
Começou a garoar
O vento continua
Aumentando o seu poder
Às sete horas da noite
A chuva veio pra valer.
O povo todos juntos
Querendo o político vê
De capa e sobrinha
Para da chuva se protege
No momento deu um trovão
De muito longe se ouvia
A turma não ligou muito
Todos estavam na folia
Relâmpago e trovão
Acompanhava o refrão
A chuva caia rápido
Fazendo inundação
O vento aumentou
Ficando tudo gelado
Com uma hora de chuva
O castigo foi comprovado
A correnteza era grande
Ninguém via mais nada
O povo estava perdido
Só se via a zoada
Das quengas se ouvia os gritos
No meio da multidão
O vigário ficou preso
Debaixo do caminhão
Políticos de mão dados
Desceram todos agarrado
Eles foram encontrados
Em uma boeira atolados
O safado do Calabar
Agarrado com o locutor
Caíram em uma força
Que há pouco tempo estourou
O carro flutuou
O palanque se quebrou
O povo que estava em cima
Levaram tanto choque
Que suas línguas travou
A rua por ser estreita
A água não saía
Encontraram as primeiras damas
Ao manhecer do dia
Francisco fez a festa
Não gastou nem um centavo
Somente na conversa
Levando tudo no papo
Quando acharo o Francisco
Quiseram dar uma lição
Ele disse calma meu povo
Pago tostão por tostão
Ninguém aceitou
Aquela explicação
A turma batia nele
Como se bate no cão
Francisco foi embora
Para nunca mais voltar
Abodonou a política
Dela não queria mais lembrar
Procurou usar Francisco
Sem o apelido Calabar
Perdeu tudo que tinha
Uma pisa ainda levou
Procurou apagar da mente
O povoado que formou
Os políticos
Que apoiavam Calabar
Fugiram de pinote
Com medo de apanhar
Agora vou encerar
Esta história fantástica
Escolha um bom candidato
Dê seu voto de graça
Procure um político de bem
Para botar no poder
Ele vai defender teu voto
Você não vai se arrepender
Exercer a cidadania
É um direito do povo
Bota um homem no poder
Não procure botar cachorro
Se você também quiser
Bota uma mulher no poder
Ela tem capacidade
De o teu voto defender
Se você tem vontade
De na política entrar
Todo cuidado é pouco
Para não aprender roubar
O povo espera outro político
Não igual a Calabar
Vão procurar outro candidato
Para vê o que vai dar
Eu tive inspiração
De tudo que escrevi
Ainda não vi um político
Fazer o povo feliz
Com o pensamento em Deus
Usei a imaginação
Para aplicar minha ira
Nestes políticos ladrão
A força do onipotente
A ela eu recorro
De mandar muito castigo
Para aquele que engana o povo.
Quero dar uma advertência
Na hora que for votar
Se você não escolher bem
Agente é quem vai pagar
Escolha ele ou ela
Você não pode errar
Pense duas vezes
Na hora de confirmar
Pode ser Francisco ou Francisca
Disfarçado de Calabar.
Luiz de Souza (velho maluco)