Dilema
Benedita Azevedo
O meu dilema hoje em dia
É parar de caminhar.
Sem fazer o que fazia
Todo tempo a trabalhar.
Ao bem nascido, coitado,
Que perdeu o seu criado,
Seu pai, sua mãe, proteção...
Ninguém a lhe dar carinho
Protegendo seu caminho
Tento dar a direção.
Ao perder a conexão
Construída pelos pais
Que partiram deste mundo,
Perdeu o rumo e sua paz.
Busca novas amizades
Alia-se a seus confrades
Que nem sempre são capazes,
De oferecer segurança
E criar nova aliança
Dar garantia a rapazes.
O mulherio se aproveita
E a esposa o põe pra fora.
A irmãzinha dá veneta
E o compadre o manda embora.
Da casa da mãe que herdou
Dali nada ele levou
Saiu só com duas sacolas.
A irmã ficou com os móveis
E vendeu os automóveis
O rico menino pobre
De carinho e proteção
Busca nos bailes da vida
Afogar sua emoção.
Nos braços de qualquer uma
Sem ter atenção nenhuma
Que lhe dê satisfação.
Vai, vai tropeçando ao leu
Envolta a vista num veu
Aumentando a distração.
Cobrança feita em sua casa
O afasta cada vez mais,
De um convívio que o compraza
Com a mulher e os demais.
Não encontra em seu caminho,
O desejado carinho,
Segurança protetora
Que compense os ancestrais.
Só lembrança de seus pais
Nos braços da professora...
Que lhe mostra outra maneira
De ser feliz e sorrir.
Deixa a casa onde nascera
Buscando um novo porvir.
E da herança recebida
Pouco aproveita na vida.
De mãos vazias, coitado,
Deixa tudo para trás
Em busca de sua paz
Qual menino abandonado.
Construiu uma vida nova,
Mas um dilema ficou,
Pois nem tudo se renova
Para os filhos que deixou.
Lamenta não ter rompido
Deixar-se ser iludido
Só por falta de firmeza.
Deixando que seus parentes
Invadissem os ambientes
Espalhando só tristeza.
Praia do Anil, Magé-RJ-Brasil
benedita_azevedo@yahoo.com.br
www.beneditaazevedo.com
Em 25 de julho de 2010