A cena final
Benedita Azevedo
Co’a platéia enlouquecida
Ao fim do primeiro ato,
Tentei fugir do espetáculo;
Impedida pelo abraço
Em tão pequenino espaço
Como se fora tentáculo.
Mais um ato começou,
Quase não deu pra entender,
Paguei pra ver o final;
A platéia envaidecida
Queria a minha saída,
Mas tu fizeste um sinal.
Nós dois no meio do palco
Na sequência giratória
Rolamos de rastro no chão;
Consegui me equilibrar
Pouco e pouco te arrastar
Pra fora do furacão.
E no final da tragédia,
A platéia enfurecida
Tentando me atrapalhar;
Quer um resgate de mim
Pensando assim por um fim
Pra deixares de me olhar.
Foi-se pro espaço a tragédia
E quando o pano se abriu
A platéia invade o palco;
Surge então bela comédia
Com os atores faz média,
Diz que a estória eu não desfalco.
Praia do Anil, Março de 2010