CABANA AONDE NASCI

No arto duma colina

Cum dois corgos arrudiano

Iscorreno água critarina

Cheim de arves sumbriano

Ua cabana marrada de cipó

Cas parede de massacá

Madera tortim chiim de nó

Ieu gastava tanto de lá

Misturado cu chero do mato

Iscuitano rugi os animá

E o baruim dos doi regato

Qui inté hoje inda ta lá

Foi adonde ieu nasci

Adispois meu pai micontô

Ieu era fraquim iguar fiote de bentivi

Num vai iscapa disse o dotô

Dia qui mãe foi cunsurtá

Minha vó uha santa muié

Fêis pumeça mode ieu mi sarvá

Ansim cu seu punhado de fé

Cabei prumano o bigode

Mamano leite de égua

Crisci sartano quiném bode

Subino in arve trepano in cerca de régua

Tivemo um dia qui mudá

Pu ingen pamode i paiscola

Pricisava prendê lê istudá

Min dero nua sacola

Um cadernin de oito fôia

Cum desem duhas curuja na capa

Inrriba dum gai de arve pata de vaca

Dotrabanda figura du mapa

Ca bandera do brazir balançano

Mi deru tumem copo feito de lata

Mode bebê agua no camim

Andano carçado de precata

Pa num machuca nos ispim

I foi ansim que aprindi um poquim

Adispois cumecei a trabaíá

Ajudano pai e mãe na labuta

Mode os irmão nois criá

Arrependo não...!Divirtido aquera luta

Indagora essa danada sodade

Pareceno querê mata ieu

Gradeço u pai no céu

Pela famia quele mi deu

Pezar de vei inda resta filicidade

Quirida isposa cum tantim de afeto

As veis penço num merecê

Cuatro fio e sete neto

Que farta divinhá qui vô querê

-Bão mai vô pará puraqui

Mode num derretê

Sinão num sei u qui vai sai!

Geraldinho do Engenho
Enviado por Geraldinho do Engenho em 15/10/2010
Reeditado em 20/10/2010
Código do texto: T2558831
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