CONTROVÉRSIA POLÍTICA: CONTRARIANDO O POETA GONGON

Em casa eu recebi

Um folheto em cordel

Que o poeta Gongon

Fez para Ezequiel.

“Homem inteligentíssimo”,

Diz o sábio menestrel.

Mas quem tem inteligência

E também serenidade

Não se mete na política

Nem por simples vaidade,

Pois ela sempre corrompe

Quem preza a honestidade.

Concordo com o poeta!

Nordestino sangue quente

Não sabe mandar recado.

Ele vai, diz o que sente

Sem temer as consequências

Que encontrará pela frente.

Por isso aqui estou

Para dizer o que sinto:

Os que têm sobriedade

E que são seres distintos

Não se deixam enganar

Pelo cheiro do absinto.

A política deslumbra

E quem lá consegue entrar

Não mais pensa em sair,

Pois aprende a gostar

De tudo que oferece

O cargo parlamentar:

Prestígio, imunidade,

Vida mansa, bom salário,

Viagens e mais viagens

Bancadas pelo erário

E a oportunidade

De ser um milionário.

Também são oferecidas

Aos nobres parlamentares

Muitas outras regalias

Que lhes são peculiares.

São direitos jamais tidos

Pelas classes populares...

Aquele que antes era

Um pacato cidadão

Longe de qualquer suspeita,

Não demora, abre mão

Da sua honestidade,

Ingressa na corrupção.

E tudo que prometeu

Ao seu nobre eleitorado

Cai no esquecimento,

No vento fica guardado.

E o pobre eleitor

Outra vez é enganado.

É assim que funciona,

De norte a sul do Brasil,

A arte de ludibriar

Nosso povo tão gentil,

Incapaz de abrir mão

Da pátria que o pariu.

Por isso não acredito

Que haja sinceridade

No que falam os políticos.

E que se diga a verdade:

Quando lá eles estão,

Falta-lhes honestidade.

Desculpe-me, Bertold Brecht!

Perdoa-me, caro poeta!

Abnego essa política

Sem-vergonha e abjeta,

Mas não sou pessoa burra

Tampouco analfabeta.

Eu apenas me recuso

A acreditar nos políticos,

Por isso aqui registro

Em versos meu faro crítico,

Sem querer me colocar

Ao lado dos Analíticos.

Mas de volta à poesia

Que Gonçalo escreveu,

Ela muito me encantou,

Porém não me convenceu

A creditar o meu voto

Nesses sujos fariseus.

Agradeço-te, Gongon,

O cordel que recebi.

Não o rasguei nem joguei fora;

Eu o guardei depois que li...

Aprecio muito o cordel

E este dedico a ti!

Joésio Menezes
Enviado por Joésio Menezes em 07/10/2010
Código do texto: T2542847
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