JOAO SEM SOBRENOME (a volta para casa.) parte 18
de BETO RAMI & ANTONIO JUCELI.
A praça que ele estava
Havia vários prisioneiros.
De todas as espécies
De bebuns a cangaceiros.
E era conhecida como
a praça dos caloteiros.
Ali ficou o Tião
Em um tronco acorrentado.
E todos os dias ele
Seria chicoteado.
Até ter a divida paga
Ou ser perdoado.
Como naquele lugar
Ninguém gostava de ninguém.
E não havia uma alma
Que gostasse de fazer o bem.
O sofrimento do Tião
Iria muito mais alem.
E só sairia dali
Se conseguisse uma caridade.
Alguém que pague a divida
Ou compre sua liberdade.
Mais como ali isso não acontecia
Ia sofrer pra eternidade.
Pra ele só melhoraria
Se encontrasse o João.
Ele iria implorar
E pedir o seu perdão.
Assim ele pagaria a divida
E o livraria da prisão.
Nessa hora o João que passava
ao ver todos os prisioneiros.
leu a imensa placa que dizia.
(praça dos caloteiros.)
ficou muito curioso e foi falar
com um dos carcereiros.
Chegando junto dele
Foi falando com respeito.
_Sou novo aqui, muita coisa
Eu não entendo direito.
Por exemplo, essas pessoas
Por que apanham desse jeito.
O carcereiro era um homem
Muito forte e arrogante.
era grande e pesado
Gordo como um elefante.
E muito feio e alto
Quase um gigante.
Estava sentado numa cadeira
E quase não pode se levantar.
_Quem é você?
Que não conhece esse lugar.
Como chegou aqui?
É melhor me explicar.
_Também não te conheço.
E não interessa de onde vim.
Perguntei com humildade
Se não quer responder, enfim...
É que nunca tinha visto
Tanta gente sofrendo assim.
O gigante falou sobre todos
Ate sobre o que aconteceu ao Tião.
Rindo-se muito mais
Agora abraçado ao João.
Disse._Tenho um chicote aqui
Feito de rabo de dragão.
Este chicote é forte
E todo espinhudo.
Fino e resistente
Onde passa queima tudo.
Pode usar no seu amigo
Pelo lado mais pontudo.
Esse aqui eu uso
Em todos os prisioneiros.
Políticos, médicos, cangaceiros
Jagunços, cônegos e fazendeiros.
E principalmente
Nos ladrões que são banqueiros.
Ando muito atarefado
Não pare de chegar gente nesse lugar.
Já não existe mais honestidade
Todo mundo quer roubar.
Se continuar assim
Vamos ter de ampliar.
< CONTINUA>