O TATU, ÊSSI ZOMBADOR!
O tatu, quandu perfura
Um buráco, e entra dipréssa!
Se iscondi, não regréssa,
Fica em situação sigura!
Vai cavando em frenesí
U burácu à partir dali,
Numa cisterna iscura!
Come a raiz du aipim,
Alimentu que aprecia,
A roça de melancia,
A roça de amindoim!
Tem apetite voráis,
Nunca cavouca pra tráis,
E ségui vevendo ancim!
Nas minhas terras, os bichinhus,
Num permito qui os cácem,
Nunca deixu qui maltratem
Os tais animaizinhos!
Pois estão na natureiza,
E essa rara belêiza
Contempro alégre, suzinho!
O tatu só mostrô ao mundo
Que escavar é construír
I com isso progredir
Também no sólu profundo!
Inquanto em cima u pedéstre
Em edifícius invéste
Ignorandu esse mundo!
Tombém o tatu, fecundo,
Já zombô da humanidadi!
Escavando, na verdádi,
Buracos feio, profundo!
O homem, encompetente,
Dando uma de intelegente
Pôs no buraco essi mundo!