MINHA SAUDADE - Uma chuva de tanajuras
Saudade lembrou-me o dia
Que eu, menino poeta,
Cheguei até a esquina
E dei a volta completa
Sem precisar de rodinhas
Na magrela bicicleta!
Saudade lembrou-me as tardes
Com toda sua lisura
Onde o meu eu matreiro
Caçador na captura
Corria fitando o céu
Que chovia tanajura!
Saudade lembrou-me as noites
De brincadeiras na rua
Pega-pega, pique-esconde
Escondendo-me na lua
Seu rei mandou e cuscuz,
- A minha é depois da tua!
Saudade lembrou-me o saco
Que, meus brinquedos, guardava;
Bonecos, bolas, piões
E nesse tanto se achava
Um caminhão dos bombeiros
Do qual eu tanto gostava!
Saudade lembrou-me as vezes
Que ao ganhar capital
Eu corri pra um fiteiro
Sorridente e bestial
Pra torrar toda fortuna
Que me era um real!
Saudade lembrou-me o tempo
Qu’eu inda era girino
Correndo naquela rua
Sem sofrer de desatino
Saudade lembrou-me quanto
Foi bom ter sido menino!
João Pessoa, 16/09/2010.