A VIDA DE DAZINHO DA GASOLINA

Quero me apresentar

E poder contar uma prosa

O meu nome é Gildásio

Da família Inácio Barbosa

Na cidade sou conhecido

Por Dazinho da gasolina

Fiz comércio a vida inteira

Essa foi a minha sina

Sou um homem vivido

Muito esperto e inteligente

Com oito anos trabalhei

Com minha família gigante

Nasci pras banda do recôncovo

De lá vim pro boqueirão

Lascava lenha pra vender

Preguiça não tinha não

Passei muita necessidade

Era uma fracatura danada

Já cai já levantei

Mas pra mim isso não é nada

Com oitenta anos de vida

Quatorze filhos criei

Mas não foi sozinho não

Pois com quato muié eu casei

Sete filhos com a primeira

Sete com a que vei pela frente

Mas com as zotas duas

A coisa foi diferente

Já véi e cansado

Me ajuntei pela terceira vez

Eta muier trabaiadera

Seus filhos criamos os três

A vida me pregou uma peça

E a terceira muie foi atropelada

Mas uma vez sozinho

Seguindo por essa estrada

Mesmo depois de aposentado

Continuei a trabaiá

Arrumei a quarta muié

Que pra mode eu sussegar

Mas veja como é a vida

Ela comigo não ficou

Saiu da minha bêra

Pra ir morrer em Salvador

Tô cansado, quase cego

Quase surdo mas sou forte

Luto contra tudo e contra aquela...

Aquela tár de dona morte

Ela já quis me levar

Mas agora não vô não

Já sufri mutho acidente

Já calejei o coração

Já me queimei com gasolina

Com esprosivo e com bujão

Já fui atropelado

Mas não foi dessa vez não

Certa vez viajando

Num jipe vei eu fui levar

A minha família a st. Antonio

Pra mamãe se tratar

Na estrada me pararam

Pra o cinto exigir

Eu não sabia o que era isso

E a viajem queria seguir

Parei numa venda

Pedir corda de sisal

Me vendero dois cabresto

E eu amarrei meu pessoal

O guarda ficou grenado

E me mandou ir embora

Eu não sei porque a zanga

Mas já fui caindo fora

Faço truque de baralho

Mas não tome por espanto

Já fiz truque em todo canto

Fui até no Silvo Santo

Um prefeito da cidade

Já me homenagiô

Por eu construir uma rua

Meu nome na ponte botou

Fiquei muito feliz no dia

Até no trio eu subi

Bateram palmas pra Mim

E de orgulho me enchi

Eu contei pra vocês

Um pedaço da minha história

Me despeço com carinho

Que tá na hora de ir embora

Quem quiser me conher

Eu moro em Jiquiriçá

Nos encontramos por aí

Nas voltas que o mundo dá!

cordel criado pela filha do sr. Dazinho ( Juciara Brito )

Juciara Brito
Enviado por Juciara Brito em 15/09/2010
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