Mas Lampião, minha gente, nessa terra não entrou
Vinte e sete era o ano
Do século vinte então
Muitos dizem ser a data
Que ocorreu a invasão
O dia de santo Antonio
Quando chegou Lampião
Dizem que o temido
Cangaceiro perigoso
Deixou-se levar então
Por bandido ardiloso
O famoso Massilon
Que provocou o alvoroço
Lampião não conhecia
A cidade a invadir
E convencido foi
Para Mossoró seguir
Pois o Massilon no papo
Conseguiu persuadir
Ele falou que a cidade
Era rica o bastante
Tinha bancos e comércios
De um valor empolgante
Mas seu espaço geográfico
Sem tamanho alarmante
Inocente Lampião
Na sua conversa caiu
E sem saber o que o esperava
Pra Mossoró já partiu
Saindo de Pernambuco
Chegar aqui conseguiu
Lampião não interpretou
O que Massilon dizia
Viciado em roubar
Só os lucros ele queria
Não pensou que ia entrar
Na terra de Santa Luzia
Lampião quando entendeu
O que estava acontecendo
Os seus olhos no binóculo
Trinta minutos só vendo
Mossoró não era a mesma
Que Massilon foi descrevendo
Percebeu a enrascada
Que havia se metido
E bufando enfurecido
Por causa do ocorrido
Deu ordens que seguissem
O plano já discutido
Neste momento de raiva
O grande rei do sertão
Mandou Massilon entre outros
Pela Alberto Maranhão
Na tresloucada aventura
Nunca vista até então
Lampião enfurecido
Pois Massilon o enganou
Não entrou com o seu bando
Tudo agora planejou
E alem do limite urbano
Do cemitério fitou
Lampião acompanhou
Lá do São Sebastião
A cidade enfrentar
Bandidos com munição
Com força e valentia
Com sangue, com coração
Os cangaceiros tudinho
Cada um ia caindo
Lampião de camarote
Ao massacre assistindo
Vingou-se de Massilon
Viu seu bando se partindo
Mormaço e Bronzeado
Em Mossoró faleceu
Jararaca ao mesmo modo
Seu destino conheceu
Na violência desmedida
A sua morte ocorreu
Lampião do cemitério
Isso tudo enxergou
E de porte de uma mauser
Um disparo ele mandou
O chefe da ferrovia
Era o alvo que errou
Lampião era malvado
Mais burro num era não
Vendo o que já sucedia
Não buscou ocasião
Com os poucos que sobrava
Se mandou pelo sertão
Os caminhos se fechando
Sua vez ia chegá
Juntou sua guarda pessoal
E partiu sem demorá
Com o rabo entre as pernas
Foi parar no Ceará
Essa estória eu to contando
Que um professor me falou
O povo de Mossoró
Cangaceiros enfrentou
Mas Lampião, minha gente
Nessa terra não entrou
Fabio Alves Valentim, Professor de Filosofia, formado pela Universidade do Estado do Rio Grande do Norte – UERN e especializando em
Ética e Filosofia Política.