JOAO SEM SOBRENOME (a infância.) parte 2

JOAO SEM SOBRENOME (a infância.) parte 2

De Beto rami & Antonio juceli.

O padre levou o João.

Seu caminho pra perdição.

Pois não sabia que o menino

Era afilhado do cão.

E que um anjo mal

Era sua voz da razão.

Estando já na igreja

Na hora do almoço.

João soltou um arroto.

Enquanto roia um osso.

Depois mandou um peido

Causando tremendo alvoroço.

A cozinheira disse_Que é isso?

O meleque sem educação.

O padre irritado

Emendou logo um palavrão.

O João foi dizendo.

_VIVA SÃO JOAO!

Uma das damas que almoçava

Levantousse no mesmo momento.

E disse _Que fedor!

O moleque nojento.

_Que é isso dona.

Quem pode com o vento?

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Certo dia um homem

Invadiu a igreja xingando o João.

Estava muito irritado

E o chamava de ladrão.

O padre então quis saber

Qual seria a razão.

__Esse moleque me procurou

com a historia de um pirata mouro.

Que tinha velho mapa

que procurava um tesouro.

Depois me vendeu por dez reis

E um par de botas de couro.

Vendi tudo que tinha

Comprei burro, pá e enxada.

Deixei a muié

E segui naquela jornada.

E sabe que eu encontrei?

Nadica de nada.

_Tai o senhor com sua ganância.

Nem me deixou explicar.

Pediu que me calasse

Pra ninguém mais escutar.

E me fez uma oferta dizendo

Que não devia recusar.

O senhor não tem o direito

De vir aqui me acusar.

Devia é lavar os ouvidos

Pra melhor escutar.

Eu lhe disse procurar

Não falei nada sobre encontrar.

O padre não se agüentou

E mandou uma gargalhada.

__Que é isso seu padre?

Tu acha que é piada.

__Desculpe, meu filho.

Essa estória muito é engraçada.

_É padre, é engraçado

Por que aconteceu comigo.

Livra-se logo desse cabra.

Escuto o que eu digo.

Isso é coisa ruim

Vai te botar em perigo.

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fazia tempo que o anjo bom

já não aparecia.

E João fazia tudo

O que o outro queria.

Tendo o anjo mal

Como mestre da sua guia.

João sentindo sua falta

No pensamento lhe chamou.

E quis saber

Por onde ele andou.

E se estava bravo com ele

Já que o abandonou.

__Você agora vive na igreja.

No meio do luxo e na fartura.

Faz o que lhe da telha.

Nem o padre te segura.

Eu fiquei aqui refletindo.

Sobre criador e criatura.

O homem rico

vê a miséria e nem liga.

Veja só o prefeito.

E o tamanho de sua barriga.

O pobre só fica assim

Quando ta cheio de lombriga.

O pobre de sol a sol

Trabalha sem descansar.

E dão o pouco que tem

Mesmo sabendo que ira faltar.

Enquanto os padres, esses

Só fazem é engordar.

A igreja é rica, veja como padre é gordo.

Com certeza de tudo ele come.

Enquanto o fiel definha.

Mesmo trabalhando passam fome.

De Deus muitas igrejas

trazem só o nome.

O papa se veste de ouro

E como rei foi coroado.

Diz ser sucessor de cristo.

E por todos é santificado.

Jesus viveu pobre, morreu nu

Na cruz abandonado.

Ele não tinha nada

E nada ele guardou.

Mais não a herança maior

Do que ele nos deixou.

Mais ate isso

A igreja usurpou.

Ate quando senhor

Mataram e roubaram em seu nome.

Ate quando os pequeninos

Sofreram o abandono e a fome.

Ate quando senhor

Essa duvida me consome.

O anjo bom ainda falava

Quando João se afastou.

Quem olhasse seus olhos

Via que aquilo o impressionou.

Ele não disse nada

Mais tudo ele guardou.

continua.