Se continuar assim... A terra vira um deserto. Autor: Damião Metamorfose.

*

01=I

Andando pelas caatingas,

Ex. florestas do sertão.

Eu fiquei indignado,

Com tanta destruição.

-Pseudo-s donos da terra,

Com machado e motosserra,

Fizeram a devastação.

*

02=II

As aves de arribação,

Se tinha, eu não pude ver.

Sem ter lugar pra dormir,

Nem sementes pra comer.

Ou com medo da espoleta,

Não voltam nem por veneta

Quem é besta pra morrer.

*

03=III

Sem sombras pra proteger,

O solo está aquecido.

Sem as camadas de folhas,

Cada vez mais ressequido.

E a cigarra estridente,

Que cantava antigamente,

Hoje só solta um gemido.

*

04=IV

O solo desprotegido,

Sem adubo e degradado.

Do baixio até a serra,

Tudo já foi desmatado.

A terra perdeu o cio,

Leito de riacho e rio,

É seco e assoreado.

*

05=V

O homem preocupado

Com o seu próprio quinhão.

Loteou todo o planeta,

Movido pela a ambição.

Pensando em viver seguro,

Condenou o seu futuro

E o da próxima geração.

*

06=VI

Do que vi em extinção...

Da nossa fauna e flora.

Só por aqui onde eu moro,

Pois não pude ir lá fora.

Lacrimejou minha vista,

Eu que sou só cordelista,

Mas, um ecologista, chora.

*

07=VII

Se arribaçã foi embora,

Foi também a juriti.

Sem angico e sem resinas,

Não se alimenta o sagui.

A asa branca e a rolinha,

Gavião e andorinha,

Não se vê mais por aqui.

*

08=VIII

Pica pau e bem-te-vi,

Papa-sebo e curió,

Pássaro preto e anum,

Galinha d’água e socó,

Mergulhão e gurguru,

Jaçanã, perdiz, nambu...

Não se vê nem de um só.

*

09=XIX

Aroeira e mororó,

Virou mourão ou estaca.

Catingueira já foi mata,

Hoje só tem jovem e fraca.

Se o gado não come a soca,

Vem um imbecil e broca,

A mando de um babaca.

*

10=X

Surucucu, jararaca,

Cobra preta e de veado.

Por não ter o que comer,

Vão embora pro cerrado.

Se tinha alguma, ao me ver,

Já tratou de se esconder,

Com medo do resultado.

*

11=XI

Mocó já foi extirpado,

Gambá e paca também.

Veado só tem doméstico,

Selvagem há tempos não tem.

Tiziu já não pula em toco,

Cassaco por não ter oco

Invade a casa de alguém.

*

12=XII

O beija-flor e o vem-vem,

Pintassilgos e canários.

Só tem em enciclopédias

E fotos de calendários.

Ou vivem engaiolados,

Pra ser contrabandeados,

Por esses vis salafrários.

*

13=XIII

É triste ver os cenários,

Já não tem nem formigueiros.

O velame já não cresce,

Tem pouquíssimos marmeleiros.

Jucá cresce engurujado,

O único que eu vi copado,

Foi um velho juazeiro.

*

14=XIV

A oiticica e o pereiro,

O cedro e o jatobá,

Umburana e pinhão roxo,

Pinhão branco e o ingá,

Embiratanha e ipê,

Macambira e pacotê,

Não sobrou nem o trapiá.

*

15=XV

Rabo de couro e preá,

Reprodutores de porte.

Mataram mãe, pai e filhos,

Pra comer ou por esporte.

O que não morreu, correu,

Foi pra longe e se escondeu

E se voltar vai pro corte.

*

16=XVI

Abelhas tiveram sorte,

Porque puderam voar.

Quem ficou, virou escrava,

Talvez more em um pomar.

Em colmeias cativeiro,

Faz mel, mas só sentem o cheiro,

Isso se o dono deixar.

*

17=XVII

Sei que a tempo pra salvar,

Mas tá passando da hora.

Vamos ter que unir forças,

Não pra amanhã, é agora.

Que a terra está esquentando,

Nível do mar se elevando,

E um desses dois nos devora.

*

18=XVIII

Enquanto o planeta implora,

Só se ver mais negligência.

E o homem só se revela,

Predador por excelência.

Aumenta o seu patrimônio

E a camada de ozônio,

Minando a nossa existência.

*

19=XIX

Os avanços da ciência,

Tem o poder de prever...

Terremotos catastróficos,

Mas não sabe responder.

Se a terra um dia acabar,

O vivente que sobrar,

Onde é que vai se esconder?

*

20=XX

Sem ter água pra beber,

É impossível escapar.

A não ser que alguém consiga,

Dessalinizar o mar.

Se conseguir é em vão,

Porque a poluição,

Não o deixa respirar.

*

21=XXI

Se o homem continuar,

Fazendo essa matança...

O planeta não aguenta

E na rapidez que avança.

Se o urubu escapar

Por não ter onde morar,

Vai ter morte como herança.

*

22=XXII

Eduque a sua criança,

Ensine hábitos legais.

Não permita que ela seja,

Igual você ou seus pais.

Que usaram a avareza,

Destruindo a natureza,

Com seus venenos letais.

*

23=XXIII

Sejam mais racionais,

Que nossos antepassados.

Que deixaram nossos rios,

Com leitos assoreados.

E a nossa linda floresta,

Vamos salvar o que resta,

Com produtos adequados.

*

24=XXIV

Com os rios contaminados,

Temperatura aumentando.

O ar está poluído,

Nível do mar se elevando.

E o solo se degradado,

Você vai ficar sentado?

O que está esperando?

*

25=XXV

O tempo está se esgotando,

O final está bem perto.

Sem a camada de ozônio,

O inevitável é certo.

Não antecipe o seu fim,

Pois continuando assim...

A terra vira um deserto.

*

Fim

*

25/08/2010

Damião Metamorfose
Enviado por Damião Metamorfose em 25/08/2010
Reeditado em 23/08/2016
Código do texto: T2459199
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2010. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.