Quando as Flores Caem
Meu momento é tão plangente
como o outono no meu vale
sem a flor da primavera
não há mais alguém que fale
para mim neste momento:
- Bardo punge este lamento
passará e tu te cale;
pense um pouco que o tormento,
este teu vale infinito
o fará crescer assaz
e serás um ser bendito,
complacente e inefável,
para todos adorável...
Tudo isso tenho dito!
Mas pra quem está instável
entre a dor e um pensamento
que não traz nenhum futuro,
caminhando contra o vento,
a alegria não parece
ser razão para uma prece
ter fanal, conhecimento.
O meu siso, então, fenece
em tormento e grande ais
com a brisa deste outono
que congela a minha paz,
faz-me néscio, ébrio, louco,
e de tudo faz um pouco
e do muito, muito mais!
Solitário em ermo, rouco
permaneço aqui silente
cogitando mais derrotas
como faz muito da gente,
que qualquer verbo de luz
será sempre a minha cruz,
pois no agora sou descrente.