TU MAIS EU
Para minha mulher Deise Marinho.
Eu tava no meu trabái
Pá variá trabaiando
Era boquinha da noite
E eu na labuta, loitando
Quando chego de fininho
Uma tá Deise Marinho
E de mim se aprochegô
Trazida pru Rafaiela, uma galegona bela
Que falo no meusuvido, feito frecha de cupido: “Esse é nosso consurtô”
Quando eu oiei pá galega
Das feição angelicá
Me deu logo um frivioco
Comecei a passa má
Me subiu um farnisim, um calô frio, um pantim
Do ispinhaçu pá cabeça
Os meus ói se aprefulossi, quagi sartava das caxa
Inrriba dessa princesa
Eu fui ficando corado, assanhado e fulorado
Iguá tuaia de mesa.
Ai ataquei de galã:
- Vós mecê gosta de vinho
Ela dixe: um bucadinho, derna de nova queu bêbu
Assuntei: to no caminho
Areparei pru seus dedu
Nun ví ané nem liança
Acunhei nas achegança
Apostei tudo queu tinha
Quem ispiasse di fora, oiando aquele cenaru
Dizia queu era um galu, no terrero manhã cedo
Caningandu uma galinha
Ai parti pu ataqui
Chamei logo pá saí
Ela pegô a sirri, mais que dipressa aceitô
E eu de simpre consurtô
Dotô das coisa do vinho
Passei a sê seu neguinho
Seu dengu, sua cocada, o seu cuscuz cum quaiada
Seu bem quere seu chamagu
Oji nóis vévi incangado, andandu pá todo lado
Taquarmenti um pá de bêbu
Gilvan Passos
Dezembro de 2007