ALVORADA.
ALVORADA.
Do livr: SERTÃO DE RISOS E DORES.
Autor: Aldemar Alves de Almeida.
O DIA QUEBRANDO A BARRA
É COISA QUE ME FASCINA
CANTA A NAMBU NA CAMPINA
CANTA ALEGRE UMA CIGARRA.
CANTA O SAPO NUMA JARRA
O BEIJA-FLOR NUMA PLANTA
O VAQUEIRO SE LEVANTA
DÁ UM GRITO, A VACA BERRA
CAI A CHUVA, MOLHA A TERRA
NASCE O DIA, O GALO CANTA.
GEME O VELHO NA SUBIDA
CHORA O CARRO NA LADEIRA
O MENINO NA ESTEIRA
A MOÇA NA DESPEDIDA.
CHORA UMA MÁGOA SENTIDA
O RAPAZ QUE VAI EMBORA
GEME O BURRO NA ESPORA
SOPRA O VENTO, A FOLHA TREME
TREME O BANCO, A MESA GEME
GEME A CAMA, A REDE CHORA.
CANTA O CHOFREU NA FLORESTA
CHORA O CANCÃO NA GAIOLA
CHORA O HOMEM NA VIOLA
NUMA CASINHA MODESTA.
CANSADO DE TANTA FESTA
DORME O RAPAZ NUMA REDE
CANTA UM GRILO NA PAREDE
SALTA UM BODE, O PINTO PIA
MORRE A NOITE, NASCE O DIA
CAI A CHUVA, MATA A SEDE.