Varzinha & Rafael Fernandes... > Autor: Damião Metamorfose.

*

Pobre Rafael Fernandes,

Acho que tu não tens jeito.

É ruim de vereadores...

Muito pior de prefeito...

São meia dúzia por seis,

Se fosse um ovo, era indez,

Desgalado e com defeito.

*

Entra eleito e sai eleito,

Sempre a mesma ladainha.

Nunca cumpre o que promete,

São piores que a “tinha”,

Só tem lixo na cidade,

Por isso eu sinto saudade,

Da minha velha Varzinha.

*

Quem é bom, vira morrinha,

Honesto, fica safado.

Trabalhador, não trabalha,

Sério vira descarado.

Quem te viu se hoje te ver,

Pasmo não vai entender,

Porque és tão atrasado.

*

Não passa de um povoado,

Com esgoto a céu aberto.

Passado comprometido,

Presente e futuro incerto.

Muitos usando bitola,

Trocando voto em esmola

E se achando esperto.

*

O lixão fica tão perto

Da sua periferia.

Que ninguém aguenta o cheiro,

Nem de noite e nem de dia.

As ruas abarrotadas

De lixo, até as calçadas,

Pense! Numa porcaria.

*

Discursos de hipocrisia,

Feitos de dois em dois anos.

Prometem mundos e fundos,

Culpam sicrano e fulanos.

Mal lavado, culpa o sujo,

Sendo eleito, o dito cujo,

Só faz aumentar os danos.

*

Para uns, são uns tiranos,

Pra outros, bajulação.

Fazem do povo a boiada

Do curral da eleição.

São políticos por esporte,

Sem casa e com passaporte,

Vivem de malas, na mão.

*

São aves de arribação,

Não param em sua cidade.

Antes, prometem mudança...

E o que muda na verdade?

O cargo, o carro, a esposa...

Ganha a fama de raposa,

Muda a personalidade.

*

Por isso eu sinto saudade,

Da minha velha Varzinha.

Que era só um vilarejo,

Com mercado e uma igrejinha.

Um bar pra tomar cachaça,

Uma rua e uma praça,

Aos domingos, a feirinha.

*

Desculpem a franqueza minha,

Mas não posso me calar.

Ao ver vocês destruindo,

Nossa cidade, um lugar.

Que já foi um lindo agreste,

Mas virou lixão do oeste,

Alto Oeste Potiguar.

*

Eu vejo o tempo passar

E o lixo só aumentando.

O povo não colabora

E continuam sujando.

E as nossas autoridades,

Ver essas atrocidades,

Mas não estão nem ligando.

*

Os que estão educando,

Sejam pais ou professores.

Sendo oposição, se cala,

Diante desses horrores.

E os que são aliados,

Ganham pra ficar calados

Ou são só bajuladores.

*

Os do banco dos favores,

Agiotagem e propina.

Estão de olhos nos lucros...

Feito aves de rapina.

Não querem saber de encrenca,

Mas quando um líder despenca,

Partem pra carnificina.

*

A ciência, a medicina,

Pra esse mal não tem cura.

Essa sede de poder,

Gera ganância e fissura.

Justo vira um desonesto,

Depois contamina o resto,

Levando a morte ou loucura.

*

E a geração futura,

Vendo toda essa intolerância.

Impunidade e desdém

Desde o jardim da infância.

Quando chegar ao poder,

Será que alguém vai conter,

Essa fome da ganância?

*

Só em falar, me dá ânsia,

Entre outras coisas mais...

Por lembrar da ditadura

E os seus conceitos brutais.

Ceifando os inteligentes,

Transformando em indigentes,

Pra manter seus ideais.

*

Já vi sofrer mães e pais,

Pagando esse alto preço.

Hoje vejo esses políticos,

Mudando de endereço.

Como se muda de roupa,

Já chega, basta... Me poupa!

Será isso que eu mereço?

*

Falei de quem eu conheço,

No caso, a minha cidade.

Mas sei, não é só aqui,

Essa falta de humildade.

Nem é só no meu país,

É profundo, é na raiz,

Do berço da humanidade.

*

Por isso eu sinto saudade,

Do meu feijão com farinha,

Arroz ligado e toucinho

E os rebotalhos que tinha.

De mãe e pai, conselheiros...

E dos remédios caseiros,

Que eram uma santa meizinha.

*

Da minha velha Varzinha,

Hoje Rafael Fernandes.

Que não cresce, só encolhe,

Devido a tantos desmandes.

Com quase cinquenta anos,

Mas com políticos “ciganos”,

Jamais será um dos grandes.

*

FIM

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09/08/2010

Damião Metamorfose
Enviado por Damião Metamorfose em 09/08/2010
Reeditado em 23/08/2016
Código do texto: T2428508
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