Nordestino - Exílio e força

Pra compor sobre as coisas do Nordeste

não precisa somente inspiração,

é preciso saber como se veste,

e acontecem as coisas no sertão.

Nordestino é orgulho brasileiro,

braço forte na nossa produção,

se não chove na terra vai a luta,

se exilando das coisas do torrão.

Enfrentando os ares, terra ou mar,

sai chorando, mas volta sempre ao chão!

Corre léguas e léguas no caminho,

a paisagem lhe corta o coração,

a caatinga lhe fere com os espinhos,

vai lembrando sua gente, seu sertão.

Quando a noite, já longe bem distante,

adormece e sonha ser feliz

corre riscos de vida por um triz,

sobre a carga veloz d'um caminhão.

Abre os olhos, contempla o céu escuro,

e lhe aperta inda mais o coração!

Ao chegar ao destino, a fadiga,

doi na carne, maltrata o cristão,

que abismado ergue o rosto, pára e fita

o concreto se erguendo em profusão.

A "floresta" tão sólida e dura,

foi erguida com a força do irmão

que também como ele, com bravura,

exilou-se das coisas do sertão.

Mas, na doce ilusão de ser feliz,

mata a fome no frio e estende a mão!

Carlos Soares
Enviado por Carlos Soares em 09/08/2010
Reeditado em 09/08/2010
Código do texto: T2427293
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