Nordestino - Exílio e força
Pra compor sobre as coisas do Nordeste
não precisa somente inspiração,
é preciso saber como se veste,
e acontecem as coisas no sertão.
Nordestino é orgulho brasileiro,
braço forte na nossa produção,
se não chove na terra vai a luta,
se exilando das coisas do torrão.
Enfrentando os ares, terra ou mar,
sai chorando, mas volta sempre ao chão!
Corre léguas e léguas no caminho,
a paisagem lhe corta o coração,
a caatinga lhe fere com os espinhos,
vai lembrando sua gente, seu sertão.
Quando a noite, já longe bem distante,
adormece e sonha ser feliz
corre riscos de vida por um triz,
sobre a carga veloz d'um caminhão.
Abre os olhos, contempla o céu escuro,
e lhe aperta inda mais o coração!
Ao chegar ao destino, a fadiga,
doi na carne, maltrata o cristão,
que abismado ergue o rosto, pára e fita
o concreto se erguendo em profusão.
A "floresta" tão sólida e dura,
foi erguida com a força do irmão
que também como ele, com bravura,
exilou-se das coisas do sertão.
Mas, na doce ilusão de ser feliz,
mata a fome no frio e estende a mão!