O casamento de João Preguiça
Preste atenção, minha gente
No causo que vou contar
É a história de um Cabra
Sem gosto pra trabalhar
O seu nome é João Preguiça
Seus deslizes vou narrar.
Deitado em velha rede
Dia e noite a balançar
Sem pressa nem adjunto
Que o faça levantar
Quem vê a situação
Passa logo a perguntar.
Esse bicho não levanta
Nem ao menos pra comer?
Onde já se viu um homem
Dormindo feito bebê?
A preguiça vai matá-lo
E isso nós vamos ver!
Admire, minha gente
Do fato que sucedeu
João preguiça em sua rede
Nada fazia de seu
Noite e dia na madorna
Muita sorte mereceu!
Apareceu uma Dona
Rica e doida pra casar
Decerto era a idade
Já estava a passar
Encantou-se por João
E quis logo se noivar.
O casamento se deu
Com muita festa e folia
Mas o noivo em sua rede
Sem vontade não saía
Foi preciso grande esforço
E muita estripulia.
Passado o casamento
À rede João voltou
E a malfadada esposa
Pouco a pouco se cansou
De ver faltar o marido
Debaixo do cobertor.
Pois a preguiça do Cabra
Fazia perder a razão
Deixava a mulher sozinha
Sem afago e atenção
Só pra não fazer esforço
Ao usar a munição.
Tudo tem começo e fim
Não seria diferente
Com João e sua preguiça
A amolar tanta gente
Sua esposa foi embora
Nos braços de um Tenente.
Será que João sofreu
Com a traição merecida?
Será que sentiu dor
Ao ver a triste partida?
Ou pouco se incomodou
Pra ele não foi desdita?
Na sua rede estava
Na sua rede ficou
Com todo o acontecido
João pouco importou
Ele queria sossego
E isso ela deixou.
Por isso caro leitor
Sorte só para quem tem
Correr atrás de quimeras
Ou do amor de alguém
É bobagem sem tamanho
Basta só se querer bem.