Ao menos

Por tudo que nós vivemos

De tanto que nos amamos,

Nada do que já passamos,

Nem tudo que já sofremos

Nas horas que padecemos

Em pelejas que travamos

Pelas coisas que buscamos,

Zombará do que escolhemos;

Pois o muito que perdemos

Não é nada que choramos.

O que nós reivindicamos

São direitos microssomos

Se juntar todos os gomos

Do tudo que pleiteamos

Não vale o que empenhamos

E por isso discutimos

Pois há muito que fingimos

Saber o que não sabemos

Poder o que não podemos

Ser o que não garantimos.

Mas jamais nos iludimos

Com aquilo que não somos;

E sempre nos recompomos

Das vezes que nós caímos.

E se acaso nos ferimos,

Com isso não indispomos,

Pois sabemos aonde fomos

De onde é que nós saímos

O tanto que adquirimos

E a quê nos predispomos.

Portanto nos antepomos

E jamais obedecemos

Por isso que florescemos

Pois na verdade depomos

Se juntar nossos assomos

Ao que nós desperdiçamos

Há muito, multiplicamos

O que não subtraímos

Muito menos dividimos

Aquilo que não herdamos.

O bem que nós buscamos

A ninguém jamais pedimos;

Tão pouco nos iludimos

Com aquilo que juntamos.

Nossos sonhos, cultivamos,

Deles nunca esquecemos

Sabemos o que queremos

(Se não sabemos, supomos),

Nossos desejos, expomos,

Fazemos o que podemos.

A sorte, jamais tememos

Se firmes nos mantivermos

E se só o bem fizermos

Confiantes, viveremos

Ainda que não juremos

Mesmo que nada façamos

Numa coisa avançamos

Não vemos mais como vimos

E se nada concluímos

Ao menos nos esforçamos.

seuribeiro.vila.bol.com.br

A a
Enviado por A a em 14/09/2006
Reeditado em 25/09/2006
Código do texto: T240254