Homenagem ao maestro
Paulo Moura volta pra casa/
Bem lá onde a alma mora/
Chegando, logo de cara,/
Encontra Nossa Senhora/
Toca pr’ela a Ave Maria,/
Puxando pela memória/
Quando escutava no rádio/
Todo dia, às seis horas/
Conseguiu ganhar a dona/
Que demonstrou seu agrado/
Mandou chamar São Gonçalo/
Que chegou acompanhando/
Do Menino da Porteira/
Bacurau do bucho inchado/
Com a perna de alicate/
Fazendo um tal pontiado/
Que “virge nosso Sinhô”/
Seu valor só Deus quem sabe/
Chegou então Luiz Gonzaga/
Acompanhado do Baden/
O baião tomou lugar/
Afoxés e afrosambas /
Surgiu uma ladainha/
Já não mais se distinguia/
Maria de Iemanjá/
E eis que chegou Pixinguinha/
A fim de fazer um som/
O maestro se tremeu/
Apertou a mão do mestre/
Que antes dele morreu/
E tocaram Carinhoso/
Os anjos choravam todos/
Um chorinho harmonioso /
Foi quando chegou Jacob/
Com seu Bandolim na mão/
A festa tava bonita/
Não havia solidão/
Abriu-se uma imensa porta/
Dela saiu um clarão/
Do clarão saiu Jesus/
Trazendo um violino/
E entoando um verbete/
Queria escutar um samba/
E um ponto de umbanda/
Pela voz do clarinete /
Ah, o maestro sorriu/
E num preciso assovio/
Chamou a todos Erês/
E a alegria aumentou/
Foi quando deu um relâmpago/
A música logo parou/
O clima era de mistério/
E todo mundo escutou /
Uma voz em tom bem sério/
Deu boas vindas ao maestro/
E pediu-lhe pra tocar/
"Heavy Metal do Senhor"/
Sem saber pra onde olhar/
Paulo então se desculpou/
E disse não se lembrar/
Há muito que não ouvia/
Preferia popular/
Jazz, música herudita/
Deus então deu uma risada/
Ele tava só brincando/
Falou pra continuar/
Aquele batuque baiano/
Que assim Santos gostava/
E ele tava pra chegar/
O maestro olhou pro lado/
E encontrou Moacir/
Maestro Moacir Santos/
Tocando alguma Coisa/
Mas uma coisa tão boa/
Que fez o Moura sorrir/
E lembrar-se do arranjo/
Que ainda nesse plano/
Ficaram de concluir/
Aí chegou Tom Jobim/
Mestre Marçal, Vinícius/
Apareceu Milles Daves/
Fazendo um solo bonito/
E era tenta gente boa/
Pra receber Paulo Moura/
Que aconteceu da pessoa/
Esquecer que tinha morrido/
Não sabia onde estava/
Aruanda, Paraíso/
Tava nem aí pra isso/
Deve estar até agora/
A fazer samba com os amigos./