GOROROBA DE CORDEL

Vi mil pássaros voando

recortando o infinito

desenhando no espaço

desenho lindo, bendito,

da vida em movimento

com tanto contentamento

como sorriso fingido

Que posso dizer do cordel

essa poesia bonita

nascida dos mananciais

pendurado numa fita

vai solto nas pradarias

canta o belo e as orgias

adoç'a palavra dita?

Seus versos são água benta

para o coração do leitor

as rimas são bem trançadas

que o poeta sabe de cor

quando cantados nas praças

conquista todas as raças

aplaudindo o embolador

Fluindo como cascatas

descendo as ribanceiras

se transformando nos rios

aguando bananeiras

matando a sede do homem,

dos pássaros que voam e somem

frutificando mangueiras

Como se mel de uruçu

deliciando o paladar,

versos agradam corações

e doce pra vida adoçar

aqueles causando riso

esse sendo paraíso

onde nós queremos morar

Porque poesia é como sonho

do qual não se quer acordar

o desejo é ficar dormindo

sem nunca parar de sonhar

flutuando no espaço

desamarrando o cadarço

do sapato para voar

Em se tratando de cordel

mais complexa é a fantasia

pego o rabo do foguete

vestido de alegria

pisco os olhos e vou à lua

lá encontro mulher nua

com tapa-sexo de poesia

Assim eu canto meus versos

mudando o preto pro branco

meu galo vira galinha

subindo de trem o barranco

cavalo desce escada

jerimum com goiabada

macaco dança fandango

É isso que eu chamo rimar

quando canto e chupo cana

namorando mulher linda

e comendo uma banana

dando nó em pingo d'água

afogando minha mágoa

com suco de cajarana

Gilbamar de Oliveira Bezerra
Enviado por Gilbamar de Oliveira Bezerra em 04/07/2010
Código do texto: T2357940
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