DISCURSO DE CANDIDATO.
Numa pequena cidade
Conhecida como Pombas
Se lançou para prefeito
Um candidato de arromba
E o seu primeiro discurso
Foi uma verdadeira bomba.
Meus povos e minhas povas
Num palanque de pau duro,
Eu subo agora pra falar,
Desde manhã, com escuro,
Só com um ovo eu estou.
Mas ao meu povo asseguro,
Se vocês me eleger
Farei uma maternidade,
Pra conterrâneos não nascer
Em qualquer outra cidade.
E boto Cacete pra fora
Da nossa comunidade
Candidato falou muito.
Mas discursou muito mal,
Se pediu pra ele olhar
Pra zona urbana e rural
E procurasse estudar
Para empregar o plural.
Com boa pose e bem solícito
Logo respondeu aos presentes:
Se vocês me eleger
Ninguém vai ficar ausente
Na minha administração
Emprego o bom e o doente.
Emprego o amigo Plural
E também toda sua gente.
Acabo com zona urbana
A rural boto pra frente.
Bebe muita gasolina
E assim não há quem agüente.
Um O.J. vou construir
Pois um hospital geral
O povo está precisando:
Unidade Neonatal.
E quem sabe Neobrasil
E talvez Neoportugal.
Substituirei o analgésico,
Pra evitar constrangimento,
Pelo moderno oralgésico.
Dou mais salário e alimento
Para o povo e funcionários.
E nada de dar provento.
No governo não terá
Somente latifundiário,
Os cães poderão latir
Dia e noite, em todo horário.
No fundo, onde bem quiser,
Dentro de casa, no armário.
Vou mandar extinguir
Essa lei da gravidade
Não sei pra que serve
E não vejo utilidade.
Isso somente traz danos
Pra municipalidade.
A todos do município
Darei antena paranóica.
Onstonte prantei um roçado
Pra matar fome estrambóica
De meus povos, minhas povas
Residentes na paróica.
HENRIQUE CÉSAR PINHEIRO
FORTALEZA, JULHO/2010