EM ANO DE ELEIÇÃO


Coitado dos nordestinos
Que só tem a fé ao seu lado
É quem constrói seus caminhos
Mesmo dentro de alagados
Homens, mulheres, meninos
Quase sempre abandonados.

O nordestino implora
Só pelo que tem direito
Mas é com promessa de voto
Que garantem se eleitos
Com eles rezarem o PAI NOSSO
Deus sabe depois do pleito...

O nordestino padece
Mas se alimenta da fé
Às vezes até Deus esquece
E é tão pouco o que ele quer
Não pede o que não merece
Confiam em São José...

Está difícil entender
Que se não morrem de sede
Afogados vão morrer
E a fé que era deles
Está preste a se perder
Até da cor que era verde.

Em ano de eleição
Promessas e mais promessas
Vêm como procissão
Chegando e para um alerta
Trazendo até provisão
E o nordestino faz festa.

Põe na mesa o seu melhor
Até um caldo de cana
Chega como sobremesa
Alimentando a esperança
Mesmo com toda pobreza
Sorriem feito criança.

Mas em ano de eleição
Abraços, sorriso fácil
Muitos apertos de mão
E o nordestino coitado,
Que tem um bom coração
Elege seu candidato.

E como quem diz sou não é
Eis o que sempre acontece
Nordestinos perdem a fé
Já nem confiam nas preces
E seja o que Deus quiser
Pois não tem nem o que merece.


Brasília, 30/06/2010