A PELEJA DO DIABO COM OS DONOS DO PODER

Satanás em Brasília chegou

E o Senado logo quis conhecer,

E lá chegando ele reparou

Que nada mais poderia fazer,

Pois ali, as nobres “Excelências”

Fundaram o “Antro das Indecências”

E nele criaram a sede do Poder.

Ao criarem a sede do Poder,

Sabiam que estavam criando

Algo que lhes pudesse conceder

Autonomia para os seus desmandos.

E o Satanás, pobre coitado,

Viu que ali, em pleno Senado,

Chance não teria contra os nefandos.

E sem chance contra os nefandos,

Estaria, então, desmoralizado

Pois ele não teria nenhum comando,

Podendo, inclusive, ser rebaixado

A, simplesmente, um subalterno

Do guardião das portas do inferno

E o seu tridente lhe seria tomado.

E temendo que lhe fosse tomado

O seu tridente pelos astuciosos

Cães e demônios lá do Senado,

Satã foi atrás dos menos perigosos.

Buscou, então, outra clientela,

Porém não esqueceu a cautela

Usada contra os seres ardilosos.

Tentando fugir dos seres ardilosos,

Satã foi à Câmara dos Deputados...

Lá, ele encontrou gananciosos

Políticos que se dizem rogados

Pelo povo que os elegeu

E que também lhes concedeu

Poderes diversos e ilimitados.

E com esses poderes ilimitados,

Nossos ilustres representantes

Lá da Câmara dos Deputados

Poderiam, inclusive, ser mandantes

De roubos, homicídios, peculato,

Corrupção e muitos outros atos

Desonestos jamais vistos antes.

Desonestos jamais vistos antes

Em nenhum lugar pelo “Pai do Mal”

Fizeram dele um mero figurante

Nas profundezas do fogo infernal

Que incinera os de índole cruel,

De virtudes renegadas pelo Céu

E de banditismo sem outro igual.

O banditismo sem outro igual

Dos políticos visitados por Satã

Fê-lo pensar na possibilidade real

De ingressar numa Casa Cristã...

Mas ele se deu outra oportunidade

De mostrar quem era de verdade:

O anticristo de alma pagã.

O anticristo de alma pagã

Para a Câmara Legislativa fugiu,

Porém foi uma fuga vã,

Pois lá ele também sentiu

O cheiro de enxofre que, somente,

É queimado num fogo ardente

Que fora do inferno jamais se viu.

Fora do inferno jamais se viu,

Também, tanta gente assim

Aglomerada num só covil,

Atolada numa corrupção sem fim.

E novamente Satã, pobre coitado,

Sentiu-se mal, se viu acuado

Por tanta gente de coração ruim.

E essa gente de coração ruim,

Eleita pelo seu povo gentil,

Não tem escrúpulos, mas sim

Ganância de poder e falta de brio.

Satanás, então, sentiu-se derrotado

E percebeu que tudo dera errado

Desde que do inferno saiu

 

Desde que do inferno saiu

Parece que Satã perdeu o juízo

E, acometido de remorsos mil,

Ficou totalmente indeciso...

Diante de tudo que aqui presenciou,

Imediatamente, ele solicitou

A Deus sua volta ao Paraíso.

(3º lugar no Concurso Literário Internacional: Prêmio Cidade de Conselheiro Lafaiete, 2009)

Joésio Menezes
Enviado por Joésio Menezes em 25/06/2010
Código do texto: T2341570
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