O CANGACEIRO QUE VIROU SANTO - Terceira parte
Homero desceu do carro,
retiraram o cangaceiro,
"valei-me nossa senhora!",
esbravejou o bandoleiro,
mas já era arrastado,
os policiais de lado
carregand'o desordeiro
Quanto ao que aconteceu
há versões desencontradas
mas aqui desejo narrar
uma das mais relatadas.
Bem à porta do cemitério
Jararaca olhou, sério:
uma cova foi cavada
Sabe pra quem é essa cova?"
Foi o policial quem perguntou,
"certeza mesmo não tenho,
meu coração imaginou,
mas se vocês vão me matar
pra viver não vou implorar"
disse o bandido com rancor
"Não tenho medo de morrer,
soltem uma de minhas mãos..."
mas a frase ficou só no ar,
quase como num repelão
sua cabeça explodiu,
uma bala mortal o feriu
ele caiu, rolou no chão
Com o revolver fumaçando
o policial que atirou
colocou a arma no coldre
com o pé o bandido empurrou
na cova o cadáver caiu
mas um dos policiais viu:
algo o cabra balbuciou
Jararaca respirava
ao ser de areia coberto
e tinha, ao ser sepultado,
o olho direito aberto,
parecia querer falar,
quem sabe, só balbuciar
aos que estavam lá por perto
continua...