O CANGACEIRO QUE VIROU SANTO - Terceira parte

Homero desceu do carro,

retiraram o cangaceiro,

"valei-me nossa senhora!",

esbravejou o bandoleiro,

mas já era arrastado,

os policiais de lado

carregand'o desordeiro

Quanto ao que aconteceu

há versões desencontradas

mas aqui desejo narrar

uma das mais relatadas.

Bem à porta do cemitério

Jararaca olhou, sério:

uma cova foi cavada

Sabe pra quem é essa cova?"

Foi o policial quem perguntou,

"certeza mesmo não tenho,

meu coração imaginou,

mas se vocês vão me matar

pra viver não vou implorar"

disse o bandido com rancor

"Não tenho medo de morrer,

soltem uma de minhas mãos..."

mas a frase ficou só no ar,

quase como num repelão

sua cabeça explodiu,

uma bala mortal o feriu

ele caiu, rolou no chão

Com o revolver fumaçando

o policial que atirou

colocou a arma no coldre

com o pé o bandido empurrou

na cova o cadáver caiu

mas um dos policiais viu:

algo o cabra balbuciou

Jararaca respirava

ao ser de areia coberto

e tinha, ao ser sepultado,

o olho direito aberto,

parecia querer falar,

quem sabe, só balbuciar

aos que estavam lá por perto

continua...

Gilbamar de Oliveira Bezerra
Enviado por Gilbamar de Oliveira Bezerra em 17/06/2010
Código do texto: T2324322
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