O casamento de Lampião e Maria Bonita

Vou falar de um fato

Que nunca sai da memória

Um acontecimento importante

Que faz parte da nossa história.

Há alguns anos atrás

Reinava no sertão

Um homem valente e famoso

Conhecido por Lampião.

Era temido e respeitado

Por onde ele passava

Matava gente ruim

Mas o pobre ele ajudava.

Cansado do abandono

Que andava nossa nação

Lampião se revoltou

E fez justiça com as próprias mãos.

No decorrer das suas andanças

Um fato marcou sua vida

Foi quando ele no sertão

Encontrou Maria Bonita.

Desse dia em diante

Só pensava em casar

É um pouco dessa história

Que agora vou contar.

Quase todo sertanejo

Dá uma de valentão

Foi assim uma bela noite

Com o seu Serapião.

Na porta de sua casa

Era isso que sentia

Serapião e seu compadre

Vendiam valentia.

O compadre o alertava

Falando quase tremendo

Que o tal de Lampião

Estava fazendo e acontecendo.

_Esse cara não é de nada.

Dizia Serapião

Só quem é fraco tem medo

Desse tal de Lampião.

_Valente aqui sou eu

Falo sem nenhum segredo

Se eu encontrasse com ele

Fazia o correr de medo.

Enquanto os compadres

Jogavam conversa fora

Um barulho muito estranho

Ouviram naquela hora.

Para surpresa de todos

Lampião ali chegava

Com todos os cangaceiros

Na frente da casa parava.

_Louvado seja Deus

N.S. do livramento

São José e todos os santos

Valei-me nesse momento!!!

Essa foi a reação

Que teve o dono da casa

Tremendo de tanto medo

Não voou porque não tinha asa.

Lampião nem deu ouvidos

Para aquele medo horrendo

Só tinha olhos para Maria

E assim foi dizendo:

_Tem coisa nesse mundo

Que a gente nunca evita

Juro por deus que nunca vi

Uma mulher tão bonita.

Espero sinceramente

Que não seja ilusão

Pois agora estou de frente

Com a deusa do sertão.

Pegando a mão de Maria

Lampião assim falou:

_Acho bom não fugir de mim

Minha bela, meu amor.

Maria não saiu correndo

E nem se fez de rogada

Olhou firme em Lampião:

_Qual é a sua jogada?

Maria lhe perguntou:

_Tu é valente ou besta?

Pensei que era corajoso

Mas é tonto da cabeça!!!

Lampião achou graça

Do que Maria dizia

E disse sorrindo prá ela:

_Você vai ver minha valentia.

Era só o que me faltava

Disse olhando para a porta

Ser mulher de cangaceiro

Não serei nunca, nem morta.

Morta eu não te quero

Quero viva e agora

Nem adianta fugir

Que eu vou te levar embora.

Vejam só vocês

As voltas que a vida dá

Quem diria que lampião

Com Maria Bonita ia casar?

Quando ninguém esperava

Viu lampião chegar

Anunciando para todos

Que ele queria casar.

Maria chegou sincera

Tinha ficado valente

Apesar do que passou

Parecia está contente.

Ao ver a filha chegar

Josefa quase se finda

Chorando e dizendo:

_Minha filha está viva ainda!

Não sabendo o que falar

Serapião quase morto

Disse suando frio:

_Desse casamento eu faço gosto.

Lampião deixou bem claro

Que só tinha ido avisar

Mandou o futuro sogro

A festança preparar.

Não se ouvia outra coisa

Desde aquele dia

O assunto do momento

Era o casamento de Maria.

O povo ficava com medo

Quando era convidado

Mas para ir ao casamento

Lampião tinha os intimado.

Quem mais deu trabalho

E quase morreu de medo

Foi o padre da cidade

Que era ator desse enredo.

Finalmente o grande dia

Que era muito esperado

Para a surpresa de todos

Já havia chegado.

Não pensem que acabou

Pois o melhor está por vir

No sertão nunca houve

Uma festa tão boa assim.

Quem achava que lampião

Só fazia o mal

Muito se enganou

Pois ele até que era legal.

E no dia do casamento

Misturou-se a valentia

O medo e a coragem

E muita ousadia

Foi uma festança danada

Só acreditava quem via.

_Vem chegando minha gente

Vem todo mundo prá cá

É festa, é alegria

Maria Bonita vai casar!

Todo mundo ansioso

A grande hora esperava

Já estava tudo pronto

Só o padre não chegava.

Lampião todo animado

Com sua roupa de couro

Andava por todo lado

Parecendo um besouro.

Agoniado com a demora

Disse: o que é que a gente faz?

Será que esse padre

Logo agora vai dá prá trás?

Enquanto esperavam

O medroso padre chegar

Lampião ordenou a todos

Que começassem dançar.

De repente apareceu

No meio da multidão

O velho padre montado

Em seu cavalo alazão.

Os cangaceiros pegaram

Suas armas e munição

Nisso viram o padre

Cair de joelhos no chão.

Levantou as mãos para o céu

Com todos os sentimentos seus

Dizendo aos cangaceiros:

_Não me mate em nome de Deus!

Olhando todo sem graça

O cangaceiro assim falou:

_Levante daí seu padre

Não vamos matar o senhor

Só íamos atirar

Com a nossa espingarda

Para comemorar

Até que em fim sua chegada.

Nisso Maria Bonita

Sem poder mais esperar

Junto com o seu noivo

Ficou no pé do altar.

O padre tremia tanto

Que de longe o povo via

Pior era que ninguém

Entendia o que ele dizia.

Interrompendo o sermão

Que continuava sem jeito

Maria se levantou

E disse ao padre: __eu aceito!

Sem esperar o padre mandar

Lampião se ajeitou

E na frente de todo mundo

Maria Bonita beijou.

Daquele momento em diante

Tudo era alegria

Ninguém jamais esqueceu

A festa daquele dia.

Essa é a história

Que de lampião eu inventei

Casando com Maria Bonita

Se foi feliz eu não sei.

Escrever sobre essas coisas

Até me causa emoção

Só não se pode esquecer

Que é pura ficção.

O cangaço no sertão

Não sairá da memória

Quem quiser aprender mais

Leia a verdadeira história.

Luiza Rosa
Enviado por Luiza Rosa em 13/06/2010
Código do texto: T2317463