Ascensão e queda> Autor: Damião Metamorfose.
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A vida só é madrasta
Pra quem não colaborar.
Deus disse: faça eu te ajudo...
E não parou de ajudar.
Mas muitos depois que crescem,
Recebem ajuda e esquecem,
De agradecer e doar.
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A moça em quem vou falar,
Nasceu na periferia.
Venceu todos os obstáculos,
Que a vida lhe oferecia.
Lutou para não ser pobre
E ao chegar à classe nobre,
Mergulhou na fantasia.
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Conseguiu o que queria,
Viajou todo o país.
Ganhou todos os concursos...
Até mesmo um de miss.
Apostando em seus valores,
Pintou seu mundo nas cores,
Que mais desejou ou quis.
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Tornou-se uma infeliz,
Seguindo só, sua estrada.
Todos que a desejavam,
Por ela foi rejeitada.
Tal qual estrela cadente,
Vivia só e carente,
Dona do mundo e sem nada.
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Não amou nem foi amada
E por ser sempre intocável.
Virou boneca de luxo,
No seu mundo imaginável.
Quando chegou a velhice,
Restou doença e chatice
E a fama de miserável.
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Ficou anti-sociável,
Seca e entorpecida.
Trancada em seu próprio mundo,
Sem encontrar a saída.
Lutou tanto pra crescer
E esqueceu de viver,
Os bons momentos da vida.
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Lambendo a própria ferida,
Trancou-se em seus aposentos.
Dormindo aos sons dos seus ecos,
Corroendo os pensamentos.
E o silêncio da ampulheta,
Soando feito marreta,
Martelando os fragmentos.
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O que os medicamentos
A ela proporcionavam.
Eram segundos, depois,
Os seus duelos voltavam.
Sempre de olhos vermelhos,
Fugia até dos espelhos,
Com medo do que mostravam.
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Os fantasmas que a rondavam,
Tinham o peso da saudade.
Dos tempos da meninice,
Do auge da mocidade.
Dos convites indecentes,
Holofotes reluzentes
Das ribaltas da cidade.
*
Sentindo o peso da idade,
Causando-lhe asfixia.
Juntou suas tarjas pretas,
Engoliu quantos podia.
E entregou-se a Morfeu,
Deu um suspiro e morreu,
Livrando-se da agonia.
*
Fim
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11/06/2010