O CANGACEIRO QUE VIROU SANTO - Segunda parte

O destino de Jararaca

já tinha sido traçado,

a alta cúpula fardada

havia tudo planejado,

ninguém sabia o que era,

o que seria dessa fera

fora bem arquitetado

Bem no meio da madrugada,

cinco dias decorridos,

amarraram Jararaca

revelando ao bandido

que iria pra capital,

nada assim de anormal

pois seria transferido

No comando, um tenente,

motorista contratado,

além de dois policiais.

O trajeto anunciado

para o motorista civil,

no silêncio o carro partiu

pro destino combinado

Jararaca, homem alto,

um negro retinto e forte,

aspecto lombrosiano,

quase ferido de morte,

pensava que sua prisão

por ele esquecer a razão,

foi pura falta de sorte

Se tivesse pensado bem

ao ver Colchete ferido

sangrando feito um porco,

não teria decidido

agir daquela maneira

atrever-se na cegueira

de querer salvar o bandido

Então, ali amarrado,

seguia para a capital

saindo dessa cidade,

deixando a cadeia local

levando tristes lembranças

depois de tantas andanças

preso como um animal

Súbito, algo estranho

foi dito ao motorista,

coisa tão inesperada

que lhe soou meio sadista:

"passe pelo cemitério!"

"Agora virou mistério"

pensou, mudando de pista

Foi o tenente quem ordenou

esse difuso proceder,

Jararaca não escutou,

ficando sem nada saber,

já o motorista Homero,

homem simples mas sincero,

tinha tudo pra entender

A tal parada repentina

no melancólico lugar

despertou no cangaceiro

um troço de arrepiar

"ei, nós íamos pra Natal,

essa parada é anormal!"

Mandaram ele se calar

continua...

Gilbamar de Oliveira Bezerra
Enviado por Gilbamar de Oliveira Bezerra em 07/06/2010
Reeditado em 07/06/2010
Código do texto: T2305348
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