O CANGACEIRO QUE VIROU SANTO - Segunda parte
O destino de Jararaca
já tinha sido traçado,
a alta cúpula fardada
havia tudo planejado,
ninguém sabia o que era,
o que seria dessa fera
fora bem arquitetado
Bem no meio da madrugada,
cinco dias decorridos,
amarraram Jararaca
revelando ao bandido
que iria pra capital,
nada assim de anormal
pois seria transferido
No comando, um tenente,
motorista contratado,
além de dois policiais.
O trajeto anunciado
para o motorista civil,
no silêncio o carro partiu
pro destino combinado
Jararaca, homem alto,
um negro retinto e forte,
aspecto lombrosiano,
quase ferido de morte,
pensava que sua prisão
por ele esquecer a razão,
foi pura falta de sorte
Se tivesse pensado bem
ao ver Colchete ferido
sangrando feito um porco,
não teria decidido
agir daquela maneira
atrever-se na cegueira
de querer salvar o bandido
Então, ali amarrado,
seguia para a capital
saindo dessa cidade,
deixando a cadeia local
levando tristes lembranças
depois de tantas andanças
preso como um animal
Súbito, algo estranho
foi dito ao motorista,
coisa tão inesperada
que lhe soou meio sadista:
"passe pelo cemitério!"
"Agora virou mistério"
pensou, mudando de pista
Foi o tenente quem ordenou
esse difuso proceder,
Jararaca não escutou,
ficando sem nada saber,
já o motorista Homero,
homem simples mas sincero,
tinha tudo pra entender
A tal parada repentina
no melancólico lugar
despertou no cangaceiro
um troço de arrepiar
"ei, nós íamos pra Natal,
essa parada é anormal!"
Mandaram ele se calar
continua...