A LENDA DO MAPINGUARI
Muitas vezes já ouvi
Sobre um tal mapinguari,
Das matas um habitante.
Marcado por forte odor,
Eis um bicho assustador,
Ao humano semelhante.
Qual macaco agigantado,
Tem pelo por todo lado,
Olho no meio da testa.
Boca enorme, muito feio,
Pro caboclo um aperreio,
Nos cantos desta floresta.
Segundo o que o povo diz,
A boca vai do nariz
À área estomacal.
Garras, punhais afiados,
Os seus pés pra trás virados,
É fera descomunal.
A pele da criatura
É de certa forma dura
Que nem a do jacaré.
Um casco nas costas tem.
Quando essa figura vem,
O melhor é dar no pé.
Pra atacar prefere o dia,
Todo mundo se arrepia
Vendo o rastro na folhagem.
As plantas ficam quebradas,
São medonhas as pegadas
Da mencionada visagem.
Quando corre, solta gritos
E deixa bastante aflitos
Caçadores de plantão,
Pois o berro é similar
Ao que damos ao gritar
Num momento de tensão.
Quando ele ataca, no início,
Usa bem esse artifício
Pra sua presa atrair.
Conseguindo, então, agarra,
Põe pra dentro da bocarra
Pra fome diminuir.
Seringueiros, caçadores,
Os índios e pescadores
Receiam ver pela frente.
A perigosa entidade
Tem muita voracidade,
Come cabeça de gente.
Ele é monstro que amedronta,
Mas comentários dão conta
De que tem um ponto fraco:
É vulnerável no umbigo,
Se atingido é um castigo
Pois vai logo 'pro buraco'.
Está posta a narrativa,
Ainda hoje bem viva
No domínio popular.
Não quero nesta vivência
Passar pela experiência
Dum bicho desse encontrar.