E POR FALAR EM CRONOLOGIA...


Vivendo só de lembranças
Nem vi o tempo passar,
Até a cor da esperança
Já começa a desbotar.
De verde fica amarela
E agora está cinzenta;
Como eu queria que ela
Não passasse dos quarenta!

Porém, a cronologia
É exata, não tem jeito,
O espelho nos vigia,
Nem plástica, mas faz efeito...
O jeito é nos conformarmos
Não ligar pra precoceito,
Para que não nos percamos
tentando encontrar um jeito.

A culpa é da gravidade
Tira tudo do lugar,
Nem mesmo com a vaidade,
As coisas vão se ajeitar.
Feliz de quem se contenta
De mãe passar a vovó,
Para isso, se aposenta
E de si mesma tem dó...

Ainda não é o meu caso
E espero sinceramente,
 Quando acontecer de fato,
Eu esteja bem consciente.
 Idade não me persegue,
Como mãe, sou orgulhosa,
E como a vida prossegue,
Seguirei sendo vaidosa.

Quando chegarem os netinhos,
Quero ser sinceramente,
Vovó de muito carinho
E a todo tempo contente.
Eu sonhei a vida inteira
Com filhos, principalmente,
E a verdade verdadeira,

É que eles são meus presentes.