NUM PEITO QUE JÁ DOÍA

 

Olhando fotos antigas
 Retornei ao meu passado.
De quantas coisas queridas,
Nós tínhamos ao nosso lado.
Meu coração pulsou forte
Um tanto descompassado,
Até esqueci que por morte
Temos nós antepassados.

Tantos lá naquelas fotos
Hoje não existem mais...
E mesmo já estando mortos
Esquecê-los, não sou capaz.
E a saudade, embora imensa,
Toma o tempo por remédio
Balsamisando as lembranças
Buscando afastar o tédio.

É incrível como a gente
Tem tanto pra recordar!
Mesmo que nem tão distante
O ontem nos faz lembrar,
Que ao conjugarmos verbos
Nem sempre é no singular.
O passado está tão perto,
Por que não se conjugar?

Algumas horas atrás
Também já se faz passado,
Então como é que se faz
Se vivemos lado a lado?
O certo é juntar os tempos
Sem passado, só presente,
Porque isso todos temos
Não somos tão diferentes.

Tudo isso porque eu estava
A rever fotografias,
E com saudades, mostrava
De quantos me pedia
E é aí que a saudade
Se transforma em nostalgia,
Batendo forte e quem sabe,
Num peito que já doía.
 
Brasília, 21/05/2010