NO TERREIRO A FOGUEIRA DE SÃO JOÃO

É menino correndo espevitado

Com os bolsos repletos de bombinhas

Lá têm traque, palito, estrelinhas

Chuveirinho, peido de velha atolado

E um graveto na mão vem abrasado

Pra dar ignição nos estopins,

Os mais velhos com suas calças jeans

Vão à caça do afoito busca-pé

E a quadrilha no anarriê dá ré

Numa dança repleta de pantins

Segue a noite no embalo de um forró

Da canjica, pamonha, munguzá

E o espeto com milho a pipocar

Na fogueira que estala sem ter dó

Quando então o ouvido dá um nó

É o pipoco de uma bomba cordão

Que o matuto no susto cai no chão

Nessa hora confunde-se a aurora

Com o brilho do fogo que aflora

Como um sol da fogueira de São João!

São dezenas de galhos engembrados

Do mais grosso ao mais fino no final

Empilhados de forma acidental

E enlaçados num arame farpado

Onde a noite um pão velho e encharcado

Colocado na sua cumeeira

Liga a chave de fogo da fogueira

Dando vida àquela estrutura

E se tudo der certo a chama dura

Até o sol juntar-se a brincadeira!

Jessé da Costa, 21/05/2010.