A cura, psicanalista & pingunço. Autor: Damião Metamorfose.

*

Muitas vezes um problema,

De difícil solução.

Basta um pouco mais de calma

E uma boa sugestão.

Pra ele ser resolvido,

Sem estragos e alarido,

Conflitos ou confusão.

*

Veja o caso do Simão,

Homem tranquilo e pacato.

Bem casado e respeitado,

Era um cidadão de fato.

Mas passou por um dilema,

Sem solução de um problema,

Problemão pra ser exato.

*

Simão não era gaiato,

Em tudo era homem sério.

Tinha a sua família,

Como seu maior império.

Honrava a sua aliança

Com mulher de confiança,

Era isento de adultério.

*

Doença, enigma ou mistério,

Ou algo mal explicado.

Vinha deixando o Simão,

De certa forma, pirado.

Pois quando em seu quarto entrava,

O homem se transformava

E ficava atormentado.

*

Na cama, o leito sagrado,

Quando ele se deitava.

Pensava ter gente embaixo,

Porem quando ele olhava.

Pensava ter gente encima,

Quando ele ia pra cima,

Achava que embaixo estava.

*

Simão não desconfiava,

Da sua primeira dama.

Mas preocupado e com medo,

Da tão conhecida fama.

Pensou até em cortar

Em pedaços e queimar,

A inocente da cama.

*

Preocupada com o drama,

A mulher vendo o marido.

A cada dia mais triste,

Com semblante de aturdido.

Chamou-o e disse: se vista,

Vá ao psicanalista

E conte o acontecido.

*

Vou com você meu querido,

Seja forte, estou por perto.

Não quero que esqueça nada,

Seja como um livro aberto.

E o que ele aconselhar,

Eu também quero anotar,

Pro tratamento ser certo.

*

O doutor, boquiaberto,

Ouviu atento o relato...

Quando o Simão terminou,

O doutor disse: eu lhe trato.

Com doze seções mensais,

Cada uma é mil reais,

Não dá pra ser mais barato.

*

Simão retrucou no ato,

Doutor assim é demais!

Eu não tenho esse dinheiro,

Baixe o preço um pouco mais.

Doze mil eu não aguento,

Tire cinquenta por cento,

Seus preços são desleais.

*

Sendo quinhentos reais,

Eu sei que vou me apertar.

Mas se não tem outro jeito

E é pro meu bem estar.

Eu dou um jeito e arrumo

E o doutor disse: eu assumo,

Fechado, vou te tratar.

*

Dali Simão foi pro bar,

Bebeu tudo que era santo.

Contou seu caso a um pingunço,

Com detalhe, e, sem espanto.

O pingunço o respondeu,

Eu curo o problema seu,

Por dez reais e garanto.

*

Simão com cara de espanto,

Dez reais! Eu pago agora.

Pagou os dez e a conta,

Foi pra casa sem demora.

Entrou no quarto e voltou

Gritando, o drama acabou!

O meu trauma foi embora.

*

E correu de porta a fora,

Respirando aliviado.

Depois procurou o médico,

Contou que estava curado.

E o doutor disse: Simão,

Conte como foi, senão,

Eu que fico amalucado.

*

Você bebeu um bocado,

Pode ser só a bebida.

Quando passar o efeito,

Pode ter uma recaída.

Aí Simão se sentou

E com detalhes contou

Sorrindo, feliz da vida.

*

Paguei dez e a pedida,

Assim proferiu Simão.

Depois peguei um serrote

Serrei rente com o chão.

As quatro pernas da cama,

Doutor! Acabou meu drama,

Suspenda a medicação.

*

D-ez reais foi salvação,

A-livio pra quem sofria.

M-uito mais ia pagar,

I-a, porém quem diria.

A- solução foi tão simples,

O- Simão que não sabia.

*

Fim

Damião Metamorfose
Enviado por Damião Metamorfose em 19/05/2010
Código do texto: T2266331
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