AS NOVE MUSAS / cordel
Em sextetos bem rotundos,
lavrados em redondilhas,
quero achar inspiração
para abastecer-me as pilhas
e falar das nove musas,
que só da Grécia são filhas.
CALÍOPE, da Eloquência
a deusa e musa loquaz;
convincente, não se cala,
sempre elegante e capaz,
a dar nó em pingo d’água,
como em verbo ninguém faz.
Da História a que tem saberes,
CLIO, na ponta da fala,
diz tudo, a todo contento;
dos fatos enche até sala,
discorre sobre o que sabe,
sem pausar nem pôr escala.
Meiga, a deusa da Poesia,
por quem tão devoto afeto,
mais do que afeto, carinho,
ÉRATO – o nome correto –,
talvez a mais decantada,
de um bardo o bem predileto.
EUTERPE, a deusa da Música,
esta se expande em sonidos;
alegra e diverte as festas,
acalantando os sentidos,
amainando os inquietos,
psique, depressões e ouvidos.
MELPÔMENE, da Tragédia
a deusa mais ardilosa,
que trouxe ao globo as sereias,
donas de voz maviosa,
e naufragava navios
– musa vilã, mas formosa.
Cênica, mestra na Mímica,
tão espontânea, lasciva,
POLÍMNIA, a linda deidade
gestual, sempre expressiva
aos olhares masculinos,
com formosura de diva.
Aliada aos movimentos,
versátil, angelical,
em corpo de bailarina,
TERPSÍCORE, magistral,
deusa da divina Dança,
como um cisne surreal.
Alegre, comunicativa,
sorrindo e fazendo rir,
TÁLIA, a deusa da Comédia,
a ler no palco o porvir,
levando o mundo na flauta,
atriz que sabe fingir.
Pela cultura dos gregos,
URÂNIA, na Astronomia,
é deusa aos povos fadada,
que a Grécia pôs harmonia,
por extensão, no universo
– e, talvez, razões havia.
Então, às inspiradoras
das Artes, musas altivas
lá do Olimpo e do Parnaso,
dos vates palmas massivas,
pois mitos são divindades,
tão belezas redivivas.
Fort., 19/05/2010.