Amor, saudade, solidão

Hoje quando acordei

Estava comigo a saudade.

Vestida em belos trajes

Cheia de brilhos, debalde

Chegou, assim, sorrateira

Falando de tempos atrás

Falando do amor que se fez

Num tempo que não volta mais

Falou do afeto escondido

Nos escuros da solidão

Falou do engodo do tempo

Me arrastou pela mão

Mostrou-me terras sem fim

Onde viceja a maldade

Onde no espinho das flores

Está esquecida a verdade

Falou do tempo que passa

Levando consigo os sonhos

Daqueles que não viveram

Temendo medos medonhos

Falou de ausência e vida

Da lassidão da vontade

Do grande erro do homem

Flertando com a falsidade

Assim discorreu a saudade

Sem revelar dó nem pena

Disse que aqui nesta vida

Vive-se um teatro de arena

Onde quem tem sentimento

Não escapa da dor da saudade

Chora-se a dor de quem foi

Lamenta-se a dor que invade

A vida pra tudo tem tempo

Tem tempo pro bem e pro mal

Assim como gera uma vida

Em outra põe um ponto final

E quem passa por esta vida

Enxerga uma grande maldade

Na solidão e a na tristeza

Que acompanha a saudade

A saudade, findo a sua fala,

Pros seus grotões vai voltar

Os sentimentos que sonham

Em ledas camas hão de amar

A vida segue sua sina

Feita de sonho e ilusão

Saudade espera o momento

De cingir mais um coração