CORDEL - No dia em que meus pais se foram

 

            Tive a felicidade de conhecer esse distinto, modesto e grande poeta, cordelista Jerson Brito, lá das terras de Porto Velho (RO) e daqui do recanto das letras, e dele pude conseguir uma parceria meio desequilibrada, porquanto ele que é escritor e eu sou um pobre aprendiz, mas aí o destino quis que aqui o encontrasse, e uma dupla formasse, para minha completa alegria, confesso que esse dia, para mim não é moleza, pois a minha realeza, nele desaparecia.

            Quando me lembro de meus velhos pais as lágrimas escorrem como uma cachoeira pelo meu rosto. Quanta saudade, quanto desgosto!

O mote escolhido para a glosa foi:

NO DIA DA MÃE AMADA/EU PERDI MEU VELHO PAI

 

Jerson glosou e disse:

As surpresas dessa vida

Não escolhem hora e dia

Nesse caso, a ironia

Vem numa data querida

Deixa a alma entristecida

O sujeito se retrai

O pranto dos olhos cai

O cabra se sente um nada

No dia da mãe amada

Eu perdi meu velho pai


Na festa da flor, tristeza

Entrou firme neste peito

Desabei, não teve jeito

Arre, quanta aspereza

Recordando essa dureza

No passado a mente vai

A saudade, é fato, atrai

E como é grande a danada

No dia da mãe amada

Eu perdi meu velho pai


Ansilgus assim glosou:


Naquele desfecho cruel

Que me pôs a soluçar

Disso não posso olvidar

Inda bem existe o céu

Nunca estarão ao léu

Saudade nunca se esvai

Angústia não se contrai

Ando difuso n’ estrada

No dia da mãe amada

Eu perdi meu velho pai

 

Tem hora que peço: Deus,

Quero estar junto de Ti

Sofro muito por aqui

Não suportam, prantos meus

Sob a luz dos olhos Teus

Não sei quem agora vai

O de ruim em mim recai

Pela hóstia consagrada

No dia da mãe amada

Perdi também o meu pai


Assim interagiu Miguel Jacó, com muita sabedoria, a quem agradecemos:

 

Rebentos pra todo lado,

Iniciando as trovoadas,

E as roças preparadas,

O cultivo agora sai,

De repente ouço um grito,

Vindo La do infinito,

Minha alma abalada,

O meu peito se esvai,

No dia da minha amada,

Eu perdi meu velho pai.



E Jerson encerrou bonito:


Dessa dor descomunal

Inda sinto a consequência

No peito me vem ardência

Como um golpe de punhal

Impiedoso, colossal

E pra aliviar o "ai"

Só mesmo Deus, Adonai

Com a Mão abençoada

No dia da mãe amada

Eu perdi meu velho pai

 

 

F I M

ansilgus
Enviado por ansilgus em 08/05/2010
Reeditado em 08/05/2010
Código do texto: T2245047
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