O VERDADEIRO SABER É SABER-SE IGNORANTE
(O NEOPLATONISMO
EM NICOLAU DE CUSA)
Por uma graça divina
Há em tudo que existe
No Universo um desejo.
Esse desejo consiste
A, de forma natural,
Ser o melhor. Como tal,
O desejo em si, persiste.
E o homem traz em si
A ânsia de conhecer
A verdade, e, assim, busca
O Verdadeiro Saber.
Mas usando a inteligência
Descobre que a sapiência
É assumir não saber.
Pois a douta ignorância
É o homem reconhecer
Sua própria ignorância
E dela, então, se valer
Pra mostrar que aceita, agora,
Saber que ele ignora.
E é este o real saber.
E segundo Nicolau
De Cusa, o não saber
Ou a douta ignorância,
Leva o homem ao conhecer.
Pois o saber-se ignaro,
Levará o homem, é claro!
A buscar pelo Saber.
E se cada coisa tem
Um fim próprio e natural
Que a Essência determina,
O fim do homem, afinal,
É sempre, em todo o sentido,
Buscar o desconhecido
De forma intelectual.
É usando a capacidade
Que ele tem de pensar
Que o homem, em realidade,
A verdade irá buscar.
Porém por mais que ele tente,
Ela mesma não consente
Ou não se deixa acessar.
Pois o Infinito, em sendo
O que é, não deixará
Que o finito a conheça.
E, em sendo assim, só será
Possível ao homem entender
Que ao Verdadeiro Saber
Ele jamais chegará.
E nenhum outro saber
Mais perfeito poderá
Advir do ser humano
Do que ele se pensar
O maior dos ignaros,
Pois isto o leva, é claro,
Ao Saber Maior buscar.
...
Nicolau de Cusa diz:
- De Máximo, posso chamar
A quem, relativamente,
Nada maior lhe será.
Mas só ao Uno convém
Plenitude. E Ele a tem.
Nada a sobrar ou faltar.
Ele é o máximo e o mínimo
E em tudo, tudo Ele está,
Sendo Ser absoluto
Tudo possível fará.
Das coisas nada tirando,
E o todo e tudo, ao seu mando,
De Si, se derivará.
A Verdade precisa, em si,
Jamais se irá conhecer
Pois a nossa finitude
Não terá como ascender
À Divina Infinitude.
E nada há que isto mude
E nos faça acessar o Ser.
O intelecto humano
Poderá ser comparado
A um polígono que busca
Ao Círculo ser igualado
Mas as possibilidades
Dos dois, nos diz, na verdade:
Só os faz aproximados.
Só de forma incompreensível
Do Máximo se pode ter,
Com a nossa finitude,
Um pouco de conhecer
Porque o nosso intelecto
Está muito aquém, por certo,
Do Verdadeiro Saber.
E o máximo passa a ser Nada,
O mínimo que possa ser.
E atinge, assim, o começo
Do TODO que TUDO é.
Sendo, a simplificação
Máxima, pois, que leva, então,
Ao Inatingível Ser.
Para entender-se melhor,
Ter melhor compreensão,
Maximiza-se o máximo
E o mínimo – onde, então,
Coincide máximo e mínimo
Onde o Ser torna-se ínfimo
E é toda a sua extensão.
E, aí, o Nada é Tudo:
O TODO que NADA é,
É Deus – Luz máxima e mínima
Que a nossa mente não vê.
E na sua simplicidade,
Nossa razão, em verdade,
Não acessa. Apenas crê.
O Um - a unidade simples
Não pode ser comparado
Ao Uno – ao Deus imutável
Pois o um pode ser mudado,
E Deus é Uno, é completo.
Não sobra ou falta – é repleto.
Sendo, pois, de lado a lado.
Deus não é multiplicável!
Ou nada lhe caberá
Como soma ou como acréscimo,
E nada lhe poderá
Ser tirado. Ele É.
E a Ele, só pela fé
O humano acessará.
O Máximo, Deus, a Verdade
Ontológica, é o SER.
É o Ser máximo e simples
Sem o qual nada há de haver:
É o TODO. É o TUDO!
E isto me deixa mudo
Pois é o Ser e o não-ser.
É Verdade máxima que
Na sua maximitude
Simples, nada, nada alude,
Pois Ele É ou não é
Sendo e não sendo, também
Ou não sendo também Sendo.
ELE é o que tudo contém.
Ele é o Ser Superior
À quem nada faltará.
Nem o Ser nem o não-ser
De Sí irão escapar.
Penso, ignorantemente,
Que Deus, necessariamente,
É o NADA, onde tudo há.
Deus, contracto absoluto
Unido ao seu igual,
A Cristo, seu único filho,
Entra em contato, afinal,
Com as suas criaturas
Que são imagens, impuras,
Do Grande, o Transcendental.
E o Igual, que é quem está
Entre o Ser Superior
E o inferior, fará
Que os dois, pelo Amor
Se igualem a Sí, ao Igual,
Conexão principal.
Unindo o servo ao Senhor.
E, assim, subtraindo...
(o estudo tras-me emoção)
Vai seguindo, vai seguindo...
Para a Simplificação
(nisto creio e não me iludo)
Que é o começo de tudo,
A origem da criação.
E Deus está complicado
Em tudo que possa haver
Vai do simples ao complexo,
Do feio ao mais belo ser.
No bruto e no refinado,
No grosseiro e no educado
Deus é Essência – seu Ser.
Porém, para que se tenha
Pelo menos a noção
Do conhecimento dEle,
Necessários se farão
Ao homem o conhecimento
Em si e o entendimento
De que seu saber é vão.
Pois que, para Nicolau
De Cusa, o real saber
Do homem é a consciência
Que este deverá Ter
De que é mesmo ignorante.
E assim, daí por diante
Buscará o conhecer,
O conhecer do caminho
Que o poderá levar
A Deus – Unidade Trina
A quem vive a procurar.
Porém, em finito sendo,
Só o saber terreno tendo,
Ao SER não alcançará.
Rosa Regis
Entre 2004 e 2006
Reeditado em 05 de maio de 2010
Natal/RN - Brasil
(O NEOPLATONISMO
EM NICOLAU DE CUSA)
Por uma graça divina
Há em tudo que existe
No Universo um desejo.
Esse desejo consiste
A, de forma natural,
Ser o melhor. Como tal,
O desejo em si, persiste.
E o homem traz em si
A ânsia de conhecer
A verdade, e, assim, busca
O Verdadeiro Saber.
Mas usando a inteligência
Descobre que a sapiência
É assumir não saber.
Pois a douta ignorância
É o homem reconhecer
Sua própria ignorância
E dela, então, se valer
Pra mostrar que aceita, agora,
Saber que ele ignora.
E é este o real saber.
E segundo Nicolau
De Cusa, o não saber
Ou a douta ignorância,
Leva o homem ao conhecer.
Pois o saber-se ignaro,
Levará o homem, é claro!
A buscar pelo Saber.
E se cada coisa tem
Um fim próprio e natural
Que a Essência determina,
O fim do homem, afinal,
É sempre, em todo o sentido,
Buscar o desconhecido
De forma intelectual.
É usando a capacidade
Que ele tem de pensar
Que o homem, em realidade,
A verdade irá buscar.
Porém por mais que ele tente,
Ela mesma não consente
Ou não se deixa acessar.
Pois o Infinito, em sendo
O que é, não deixará
Que o finito a conheça.
E, em sendo assim, só será
Possível ao homem entender
Que ao Verdadeiro Saber
Ele jamais chegará.
E nenhum outro saber
Mais perfeito poderá
Advir do ser humano
Do que ele se pensar
O maior dos ignaros,
Pois isto o leva, é claro,
Ao Saber Maior buscar.
...
Nicolau de Cusa diz:
- De Máximo, posso chamar
A quem, relativamente,
Nada maior lhe será.
Mas só ao Uno convém
Plenitude. E Ele a tem.
Nada a sobrar ou faltar.
Ele é o máximo e o mínimo
E em tudo, tudo Ele está,
Sendo Ser absoluto
Tudo possível fará.
Das coisas nada tirando,
E o todo e tudo, ao seu mando,
De Si, se derivará.
A Verdade precisa, em si,
Jamais se irá conhecer
Pois a nossa finitude
Não terá como ascender
À Divina Infinitude.
E nada há que isto mude
E nos faça acessar o Ser.
O intelecto humano
Poderá ser comparado
A um polígono que busca
Ao Círculo ser igualado
Mas as possibilidades
Dos dois, nos diz, na verdade:
Só os faz aproximados.
Só de forma incompreensível
Do Máximo se pode ter,
Com a nossa finitude,
Um pouco de conhecer
Porque o nosso intelecto
Está muito aquém, por certo,
Do Verdadeiro Saber.
E o máximo passa a ser Nada,
O mínimo que possa ser.
E atinge, assim, o começo
Do TODO que TUDO é.
Sendo, a simplificação
Máxima, pois, que leva, então,
Ao Inatingível Ser.
Para entender-se melhor,
Ter melhor compreensão,
Maximiza-se o máximo
E o mínimo – onde, então,
Coincide máximo e mínimo
Onde o Ser torna-se ínfimo
E é toda a sua extensão.
E, aí, o Nada é Tudo:
O TODO que NADA é,
É Deus – Luz máxima e mínima
Que a nossa mente não vê.
E na sua simplicidade,
Nossa razão, em verdade,
Não acessa. Apenas crê.
O Um - a unidade simples
Não pode ser comparado
Ao Uno – ao Deus imutável
Pois o um pode ser mudado,
E Deus é Uno, é completo.
Não sobra ou falta – é repleto.
Sendo, pois, de lado a lado.
Deus não é multiplicável!
Ou nada lhe caberá
Como soma ou como acréscimo,
E nada lhe poderá
Ser tirado. Ele É.
E a Ele, só pela fé
O humano acessará.
O Máximo, Deus, a Verdade
Ontológica, é o SER.
É o Ser máximo e simples
Sem o qual nada há de haver:
É o TODO. É o TUDO!
E isto me deixa mudo
Pois é o Ser e o não-ser.
É Verdade máxima que
Na sua maximitude
Simples, nada, nada alude,
Pois Ele É ou não é
Sendo e não sendo, também
Ou não sendo também Sendo.
ELE é o que tudo contém.
Ele é o Ser Superior
À quem nada faltará.
Nem o Ser nem o não-ser
De Sí irão escapar.
Penso, ignorantemente,
Que Deus, necessariamente,
É o NADA, onde tudo há.
Deus, contracto absoluto
Unido ao seu igual,
A Cristo, seu único filho,
Entra em contato, afinal,
Com as suas criaturas
Que são imagens, impuras,
Do Grande, o Transcendental.
E o Igual, que é quem está
Entre o Ser Superior
E o inferior, fará
Que os dois, pelo Amor
Se igualem a Sí, ao Igual,
Conexão principal.
Unindo o servo ao Senhor.
E, assim, subtraindo...
(o estudo tras-me emoção)
Vai seguindo, vai seguindo...
Para a Simplificação
(nisto creio e não me iludo)
Que é o começo de tudo,
A origem da criação.
E Deus está complicado
Em tudo que possa haver
Vai do simples ao complexo,
Do feio ao mais belo ser.
No bruto e no refinado,
No grosseiro e no educado
Deus é Essência – seu Ser.
Porém, para que se tenha
Pelo menos a noção
Do conhecimento dEle,
Necessários se farão
Ao homem o conhecimento
Em si e o entendimento
De que seu saber é vão.
Pois que, para Nicolau
De Cusa, o real saber
Do homem é a consciência
Que este deverá Ter
De que é mesmo ignorante.
E assim, daí por diante
Buscará o conhecer,
O conhecer do caminho
Que o poderá levar
A Deus – Unidade Trina
A quem vive a procurar.
Porém, em finito sendo,
Só o saber terreno tendo,
Ao SER não alcançará.
Rosa Regis
Entre 2004 e 2006
Reeditado em 05 de maio de 2010
Natal/RN - Brasil