Para ser um cordelista> Autor: Damião Metamorfose.
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Para ser um cordelista,
Da nossa literatura.
Não basta só ser poeta,
Não basta só ter cultura.
Tem que ter boa oração,
Rima e metrificação
E usar bem a mistura.
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Tem muita gente que jura,
Que sabe fazer cordel.
Até usa o codinome,
De poeta menestrel.
Mas não conhece o oficio
E o folheto é um desperdício,
De tinta, xilo e papel.
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Pra ficar sopa no mel,
Todo cordel tem que ter.
O começo, meio e fim,
Rimas gostosas de ler.
Uma historia bem contada,
Com estrofe metrificada
E fácil de se entender.
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O começo tem que ser,
Um esboço ou cabeçalho.
Parecido com uma carta,
Carta escrita, não baralho.
Pra iniciar a historia,
Imagine a trajetória,
Que te der menos trabalho.
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Pro cordel não ficar falho,
Escolha bem a mensagem.
Um titulo bem popular,
O nome do personagem.
E faça com que o leitor,
Ao lê-lo sinta o calor
E embarque na viagem.
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Cordelistas com bagagem,
Na hora que vai criar.
Tem o seu estilo próprio,
Não gosta de plagiar.
E estuda as teorias,
Pois pra fazer poesia,
Também precisa estudar.
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Antes de mandar rodar,
A primeira edição.
Procura um bom catedrático,
Pra fazer a correção.
-Mas se tiver bom estudo,
O autor mesmo faz tudo
E deixa com precisão.
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Atingir a perfeição?
Isso não é necessário.
Basta ser bem criativo
Ter um bom vocabulário.
E se quiser inovar,
Também pode e deve usar,
Sempre um bom dicionário.
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Seguir caminho contrário,
Escrevendo em pé quebrado.
Além de não ser poeta
Cordelista, é reprovado.
Se o cordel não tem teor,
Ao recitá-lo, o autor,
Não vai ser ovacionado.
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O cordelista aprovado,
Não nega ajuda ao novato.
Mostra onde estão os erros...
Não repele ou faz boato.
Tem sempre boa resposta,
Porque o cordelista gosta,
De ser útil, não ingrato.
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A poesia é um prato,
Límpido, extenso e profundo.
Que por mais que alguém se farte,
Não consegue ir ao fundo.
Rico em todos os nutrientes,
Alimenta almas e mentes,
Em qualquer parte do mundo.
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No bom cordel eu me inundo
E começo a viajar.
Abro as comportas do peito,
Que me faz rir ou chorar.
É meu fiel companheiro,
Com dinheiro ou sem dinheiro,
Sempre vai me acompanhar.
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Mas se for cordel vulgar,
De baixo ou baixíssimo nível.
Posso até ler uma estrofe,
Mais que isso, é impossível.
Ser poeta é mais que um dom,
Não o desperdice com,
Conteúdo destrutível.
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Poesia é um combustível,
De uma fonte inesgotável.
Não tem jovem nem idoso,
Nem rico nem miserável.
Quem se descobre poeta,
Com certeza se completa,
Da forma que é mais viável.
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Por isso acho lastimável,
Ver poeta tarimbado.
Dos que se diz cordelista,
Andar de queixo empinado.
Se achando um menestrel
E assassinando o cordel,
Fazendo verso quadrado.
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Acho que dei meu recado,
Por aqui vou encerrar.
Se para você foi útil,
Não precisa elogiar.
Eu só fiz o meu papel,
Sou aprendiz de cordel,
Estou sempre a estudar.
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Fim
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23/04/2010