Para ser um cordelista> Autor: Damião Metamorfose.

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Para ser um cordelista,

Da nossa literatura.

Não basta só ser poeta,

Não basta só ter cultura.

Tem que ter boa oração,

Rima e metrificação

E usar bem a mistura.

*

Tem muita gente que jura,

Que sabe fazer cordel.

Até usa o codinome,

De poeta menestrel.

Mas não conhece o oficio

E o folheto é um desperdício,

De tinta, xilo e papel.

*

Pra ficar sopa no mel,

Todo cordel tem que ter.

O começo, meio e fim,

Rimas gostosas de ler.

Uma historia bem contada,

Com estrofe metrificada

E fácil de se entender.

*

O começo tem que ser,

Um esboço ou cabeçalho.

Parecido com uma carta,

Carta escrita, não baralho.

Pra iniciar a historia,

Imagine a trajetória,

Que te der menos trabalho.

*

Pro cordel não ficar falho,

Escolha bem a mensagem.

Um titulo bem popular,

O nome do personagem.

E faça com que o leitor,

Ao lê-lo sinta o calor

E embarque na viagem.

*

Cordelistas com bagagem,

Na hora que vai criar.

Tem o seu estilo próprio,

Não gosta de plagiar.

E estuda as teorias,

Pois pra fazer poesia,

Também precisa estudar.

*

Antes de mandar rodar,

A primeira edição.

Procura um bom catedrático,

Pra fazer a correção.

-Mas se tiver bom estudo,

O autor mesmo faz tudo

E deixa com precisão.

*

Atingir a perfeição?

Isso não é necessário.

Basta ser bem criativo

Ter um bom vocabulário.

E se quiser inovar,

Também pode e deve usar,

Sempre um bom dicionário.

*

Seguir caminho contrário,

Escrevendo em pé quebrado.

Além de não ser poeta

Cordelista, é reprovado.

Se o cordel não tem teor,

Ao recitá-lo, o autor,

Não vai ser ovacionado.

*

O cordelista aprovado,

Não nega ajuda ao novato.

Mostra onde estão os erros...

Não repele ou faz boato.

Tem sempre boa resposta,

Porque o cordelista gosta,

De ser útil, não ingrato.

*

A poesia é um prato,

Límpido, extenso e profundo.

Que por mais que alguém se farte,

Não consegue ir ao fundo.

Rico em todos os nutrientes,

Alimenta almas e mentes,

Em qualquer parte do mundo.

*

No bom cordel eu me inundo

E começo a viajar.

Abro as comportas do peito,

Que me faz rir ou chorar.

É meu fiel companheiro,

Com dinheiro ou sem dinheiro,

Sempre vai me acompanhar.

*

Mas se for cordel vulgar,

De baixo ou baixíssimo nível.

Posso até ler uma estrofe,

Mais que isso, é impossível.

Ser poeta é mais que um dom,

Não o desperdice com,

Conteúdo destrutível.

*

Poesia é um combustível,

De uma fonte inesgotável.

Não tem jovem nem idoso,

Nem rico nem miserável.

Quem se descobre poeta,

Com certeza se completa,

Da forma que é mais viável.

*

Por isso acho lastimável,

Ver poeta tarimbado.

Dos que se diz cordelista,

Andar de queixo empinado.

Se achando um menestrel

E assassinando o cordel,

Fazendo verso quadrado.

*

Acho que dei meu recado,

Por aqui vou encerrar.

Se para você foi útil,

Não precisa elogiar.

Eu só fiz o meu papel,

Sou aprendiz de cordel,

Estou sempre a estudar.

*

Fim

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23/04/2010

Damião Metamorfose
Enviado por Damião Metamorfose em 23/04/2010
Código do texto: T2215273
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